Multidão acompanha funeral de comandante iraquiano e de Soleimani em Bagdá

Publicado em 04/01/2020, às 09h14
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Por Uol

Milhares de pessoas foram às ruas de Bagdá hoje para acompanhar o funeral do comandante iraquiano Abu Mahdi al-Muhandis, morto na última quinta-feira após ataque aéreo dos EUA.

O corpo do general iraniano Qasem Soleimani, alvo principal da operação norte-americana, também foi levado em um cortejo na capital iraquiana e seguirá para o Irã, onde será enterrado. Ainda não há informações de como o corpo será transportado nem quando.

O primeiro ministro do Iraque, Adel Abdel Mahdi, e outras autoridades também participaram do funeral que tomou ruas de Bagdá. O cortejo saiu do distrito de Al Jadriya, em uma área chamada Zona Verde, onde estão localizados os prédios do governo iraquiano, e seguiu pela cidade. Manifestantes acompanham o cortejo carregando bandeiras e faixas com as fotos dos generais mortos gritando "Morte a América".

A ordem para o bombardeio da última quinta-feira que matou os generais e outras sete pessoas partiu do presidente americano Donald Trump. "Sob ordens do presidente, os militares dos EUA tomaram medidas defensivas decisivas para proteger o pessoal dos EUA no exterior, matando Qasem Soleimani, chefe da Guarda Revolucionária Islâmica Corps-Quds Force, uma organização terrorista estrangeira designada pelos EUA", diz a nota do Departamento de Defesa americano.

O general Soleimani, 62 anos, liderava a força Al-Quds dos Guardiões da Revolução, encarregada das operações no exterior. Era visto como um herói no Irã e exercia um papel-chave nas negociações políticas para formar um governo no Iraque.

A morte de Soleimani aumentou a tensão entre EUA e Irã e gerou especulação sobre uma possível Terceira Guerra Mundial. Conforme especialistas consultados pelo UOL, o Irã é uma força regional e sem peso para envolver as outras potências globais no conflito.

Novo ataque antes do funeral

Pouco antes do início do cortejo com os corpos dos dois generais, um novo ataque aconteceu no norte de Bagdá contra um comboio da Hashd Al Shaabi, uma coalizão paramilitar pró-iraniana que faz parte das forças de segurança do Iraque, segundo uma fonte policial.

Os EUA não assumiram a autoria do ataque até o momento. Cinco pessoas teriam morrido no novo ataque, segundo a agência AP. Já segundo a agência Reuters, seis pessoas foram mortas e outras três ficaram feridas no novo ataque.

Segundo a Reuters, as vítimas seriam parte de um comboio de médicos. A agência cita como fonte para essa informação o grupo paramilitar Forças Populares de Mobilização do Iraque.

O ataque aconteceu perto do acampamento Taji, em Bagdá. Dois dos três veículos que compunham o comboio foram encontrados queimados, disse a fonte da agência.

Envio de soldados dos EUA

Os Estados Unidos irão enviar um contingente extra de 3.000 a 3.500 militares americanos ao Oriente Médio depois do ataque que matou Soleimani, ao que Irã prometeu uma "séria vingança".

O presidente americano, Donald Trump, disse que o general Soleimani foi morto quando estava prestes a atacar diplomatas americanos, mas insistiu em que Washington não visa a derrubar o governo iraniano.

"Não agimos para iniciar uma guerra", disse Trump em pronunciamento na Flórida. "Nós não buscamos a mudança do regime".

Irã quer EUA fora do Oriente Médio

Hoje, o presidente do Irã, Hassan Rouhani, visitou a família do general Qasem Soleimani, morto no ataque dos EUA. Em um comunicado divulgado ontem, ele afirmou que o país vai se vingar pelo assassinato.

Na noite de ontem, o ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohamad Yavad Zarif, afirmou que o assassinato do general Qasem Soleimani pelos Estados Unidos levará as tropas americanas a saírem do Oriente Médio.

Zarif disse em entrevista à televisão estatal que os EUA cometeram um erro de cálculo com o ataque a Bagdá que matou Soleimani e o vice-presidente das Forças de Mobilização Popular (FMP), milícia iraquiana majoritariamente xiita, Abu Mahdi al-Muhandis.

"A República Islâmica do Irã dará uma resposta adequada à medida americana no devido tempo", enfatizou o chefe da diplomacia iraniana, uma ameaça de vingança já feita antes pelo Líder Supremo, Ali Khamenei.

O ministro observou que os americanos foram enganados para realizar a operação, que ele classificou como "perigosa", pelos líderes de certos países da região, que ele não citou, e por Israel, que deu a Washington "conselhos insensatos".

"Donald Trump (presidente dos EUA) cometeu o crime para fins eleitorais tanto para si mesmo quanto para (o primeiro-ministro israelense Benjamin) Netayanhu", denunciou.

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