O estádio histórico do Brasileirão que hoje ninguém lembra

Publicado em 23/12/2025, às 21h36
Jonathas Gabetel / ge
Jonathas Gabetel / ge

Por ge

O estádio Anacleto Campanella, que sediou a final do Campeonato Brasileiro de 2001, enfrenta um cenário de abandono e falta de grandes eventos, refletindo a queda do São Caetano no futebol nacional desde 2006.

Inaugurado em 1955, o estádio teve sua capacidade reduzida para cerca de 16.500 torcedores após demolições de setores e interdições, além de ter recebido apenas 15 partidas na última temporada em divisões inferiores.

A Prefeitura de São Caetano do Sul prometeu revitalizar o estádio e aumentar a atenção ao local, com a expectativa de que ele volte a receber jogos de maior relevância a partir de 2026, quando o clube disputará novamente a Série A4 do Paulista.

Resumo gerado por IA

Há exatos 24 anos, o estádio Anacleto Campanella recebia um dos grandes - e talvez o maior - jogo de sua história: a final do Campeonato Brasileiro de 2001. Naquele 23 de dezembro, o Athletico venceu o São Caetano por 1 a 0 e conquistou seu mais importante título.

A realidade de um dos palcos mais emblemáticos do estado de São Paulo é bem diferente atualmente. O ge esteve no estádio do ABC paulista, que vive no ostracismo e figura distante dos grandes jogos que um dia já recebeu.

Inaugurado em janeiro de 1955, o Anacleto Campanella é a casa do São Caetano, que foi grande sensação do futebol brasileiro no início dos anos 2000. Em uma ascensão surpreendente, a equipe foi vice do Brasileirão em 2000 e 2001 e da Copa Libertadores de 2002.

O estádio, no entanto, foi palco apenas da decisão contra o Athletico. Apesar de ter recebido jogos importantes de fases mata-mata, não sediou as finais em 2000 (contra o Vasco, disputada no Parque Antártica) e 2002 (diante do Olímpia, realizada no Pacaembu). Nem mesmo o título do Paulistão de 2004 foi comemorado lá.

O "sumiço" do Anacleto Campanella tem ligação com a derrocada do São Caetano. A última vez do Azulão na Série A do Brasileiro, por exemplo, foi em 2006. No Paulistão, em 2021, edição em que enfrentou o Corinthians em casa - último confronto contra um time da elite nacional do estádio.

Em 2025, o São Caetano disputou a Série A4 - quarta e penúltima divisão - do Campeonato Paulista e a Copa Paulista. O Anacleto recebeu 15 partidas, a derradeira em agosto, na eliminação azulina no torneio mata-mata para o Grêmio Prudente.

Transformações e problemas

Na final de 2001, o Anacleto Campanella registrou público de cerca de 20 mil. Torcedores de São Caetano e Athletico lotaram as arquibancadas e fizeram bonita festa em um domingo à tarde. Cenas que não se repetiram.

Com 70 anos de existência, o Anacleto Campanella, que pertence à Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul, passou por transformações ao longo do tempo. Em 2012, parte da arquibancada, chamada de setor amarelo, foi demolida. Dois anos depois, o prédio de quatro andares que abrigava camarotes e cabines de imprensa, também veio abaixo.

Jonathas Gabetel

A capacidade do estádio acabou reduzida e hoje está em 16.500 torcedores aproximadamente. Parte da arquibancada, atrás de um dos gols, está interditada por falta de guarda-corpo.

No começo deste ano, a Prefeitura revitalizou a pintura do estádio, em parceria com uma marca de tintas que patrocina o São Caetano. No entanto, o clube reclama de problemas estruturais no local.

Lembranças de 2001

O estádio possui recordações da decisão de 24 anos atrás. Recortes de jornais da época seguem expostos em um mural, com matérias da primeira partida, vencida pelo Athletico por 4 a 2 na Arena da Baixada, das vésperas da grande final e também pós-jogo.

Reportagens com personagens dos times, como Jair Picerni, então técnico do São Caetano e Nem, capitão do Furacão, ilustram o painel com as mais variadas manchetes, como "São Caetano sente a pressão e fica com o vice pela 2ª vez", "Azulão amarela pela segunda vez", entre outras.

Palavras de campeão

A visita do ge ao Anacleto Campanella aconteceu em setembro. Fabiano, lateral-esquerdo do Athletico em 2001, foi até o estádio para uma entrevista especial e revisitou o palco do título brasileiro.

Fabiano teve participação direta no gol do título. Ele chutou cruzado da entrada da área, o goleiro Sílvio Luiz espalmou e o atacante Alex Mineiro conferiu no rebote. O ex-jogador guarda com carinho as memórias de um local importante na carreira.

- Esse lugar foi mágico para todos nós. Lembro que o São Caetano também tinha um time muito forte. E aqui foi uma das maiores alegrias que tive na vida. Foi onde a gente apareceu para o mundo, onde tive a participação direta no gol e onde ficou marcado na história esse chute e essa campanha impecável do Athletico.

Futuro

Em 2026, o São Caetano vai novamente disputar a Série A4 do Paulista e a Copa Paulista, tendo o Anacleto Campanella como casa.

Ao clube, a Prefeitura de São Caetano do Sul prometeu dar uma atenção maior ao estádio, sobretudo por se tratar de um patrimônio público. A esperança é que o local volte a sediar partidas de relevância nacional.

Ficha técnica da final do Brasileirão de 2001 - São Caetano 0x1 Athletico

  • São Caetano: Silvio Luiz, Mancini, Daniel, Dininho e Marcos Paulo (Müller); Serginho (Bechara), Simão, Adãozinho e Esquerdinha (Marlon); Anailson e Magrão. Técnico: Jair Picerni
  • Athletico: Flavio, Gustavo, Nem e Rogerio Corrêa (Igor); Alessandro, Cocito (Pires), Kléberson, Adriano e Fabiano; Kléber (Souza) e Alex Mineiro. Técnico: Geninho
  • Local: Anacleto Campanella (São Caetano do Sul-SP)
  • Árbitro: Carlos Eugenio Simon (FIFA-RS)
  • Gol: Alex Mineiro, 21 do 2º

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