O maior patrimônio do município de Delmiro Gouveia está em sua história. Embora pequena, a cidade possui dois museus bem organizados, além de pontos de visitação pública. Mas não é só isso. Uma beleza exuberante banhada pelos cânions do Rio São Francisco atrai turistas de toda parte, mas ainda não foi explorado em todo o seu potencial.
De acordo com a Secretaria de Comunicação da prefeitura de Delmiro, a economia local sustenta-se nos royalties da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, devido ao complexo de Paulo Afonso, construído após o fechamento da usina de Angiquinhos. Em seguida vem a arrecadação de ICMS, ISS, além da pecuária e agricultura.
“O que arrecadamos é o suficiente para manter tudo em ordem, inclusive os postos de saúde, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), e todas as escolas municipais”, garantiu o assessor.
A construção do campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal ), levantado em terras delmirenses, e as obras de saneamento básico que acontecem na ampliação do município apontam para um desenvolvimento sólido, a longo prazo.
De acordo com o prefeito Luiz Carlos Costa, o Lula Cabeleira (PMDB), o início das obras para um novo anel viário e as águas trazidas pelo Canal do Sertão, vão ajudar a desenvolver ainda mais a região. “A distância para Paulo Afonso, por exemplo, vai diminuir cerca de 12 quilômetros, com isso atrairemos visitantes que poderão usar o aeroporto baiano para chegar até Delmiro mais rapidamente”, disse.
Já o secretário de Planejamento, Indústria e Comércio do município, José Carlos Guarabira, além de facilitar o fluxo de caminhões, o novo anel viário poderá fomentar o ecoturismo na cidade. “Queremos atrair novos investidores em diversas áreas e para isso a expansão é inevitável”, disse.
TURISMO NO SERTÃO: TESOUROS ESCONDIDOS DO ECOTURISMO

A antiga estação de trem, onde o então vilarejo da Pedra desenvolveu-se no século passado, foi transformado em um museu onde é possível encontrar imagens e informações sobre os primeiros passos “modernos” da cidade, além de muito material relacionado a Delmiro Gouveia.
Há também um enorme trem Maria Fumaça, e o maquinário usado para a projeção de filmes no primeiro cinema montado pelo empresário para os operários da fábrica. Objetos da época, fazendo com que os visitantes viagem no tempo.
Já para os amantes de belezas naturais e paisagens de tirar o fôlego, a visita aos Cânions do Velho Chico, dentro da reserva Castanho, é um dos passeios mais intensos de se fazer. Nas águas do rio, os turistas tem acesso a catamarãs e jet skis, além de encontrar redes e muita tranquilidade em suas margens.
No roteiro feito pelos guias, pode-se visitar grutas que ainda conservam inscrições rupestres com cerca de 15 mil anos, onde os primeiros moradores do lugar deixaram ali o registro de seu dia a dia. Para os mais radicais, é possível fazer rapel em suas rochas grandiosas.
No dia em que a reportagem do TNH1 esteve na reserva, dos 20 turistas encontrados durante um simples passeio de barco havia pessoas de Curitiba (PR), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Paulo Afonso (BA), Porto Alegre (RS) e, curiosamente, apenas um casal de Maceió.
“Não entendo porque os alagoanos ainda desconhecem essa maravilha de lugar, isso precisa mudar”, comentou o servidor público paranaense, José Eleutério Farias.
Museus de Angiquinho e da Pedra contam parte da história delmirense
ANGIQUINHOS – A USINA FANTASMA
Quem chega às instalações da antiga usina hidrelétrica de Angiquinhos, já na divisa de Delmiro com Paulo Afonso, se surpreende com a engenharia usada na época para gerar energia elétrica.
De longe, pode-se avistar a casa de máquinas cravada nas rochas da cachoeira. Ao lado, as ruínas da segunda etapa, que ficou pela metade com a morte de Delmiro Gouveia, em 1917, trazem a sensação de mistério aos seus visitantes.
A Chesf, que detém os direitos da propriedade, transformou a vila construída para abrigar os antigos funcionários da usina em um amplo museu, onde uma guia acompanha e mostra os detalhes do funcionamento da hidrelétrica.
Casa de máquinas de hidrelétrica cravada na rocha de Angiquinhos
Além de manter parte do maquinário original e muitos documentos da época, é possível encontrar também um espaço destinado à história do cangaço e seus principais personagens. Artesanato típico da região também pode ser encontrado no local.
Embora o índice de desenvolvimento humano (IDH) de Delmiro esteja dentro da médica estadual (0,612) ou seja, um dos mais baixos do país, a realidade encontrada no município surpreende.
Desde a preservação do Meio Ambiente, passando pelo orgulho de sua história, a grande riqueza encontrada na cidade é formada por gente simples, disposta a deixar para seus filhos o exemplo de sobreviver de maneira sustentável, em pleno Sertão alagoano.
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