A “imagem” de Alagoas como paraíso das águas, com seu mar em diferentes tons de azul, com água morna e cristalina, já está consolidada mundo a fora, mas o que poucas pessoas sabem é que além disso, o Estado também está descobrindo o seu potencial para desenvolver um outro tipo de atividade turística: o turismo ecológico de birdwatching, termo em inglês que significa observação de pássaros.
Aliando conceitos como lazer, pesquisa científica, conservação e educação ambiental, terapia e prática esportiva ao ar livre, a atividade tem como principal objetivo “passarinhar”, ou seja, observar aves em seu habitat natural, sem provocar nenhuma alteração no ambiente em que vivem ou no seu comportamento e registrar tudo isso, com ajuda da tecnologia, através das fotografias, áudios e vídeos.
De acordo com os observadores de pássaros, já são cerca de 25 trilhas, localizadas, na sua maioria, no interior do Estado, e mais de 400 espécies de aves encontradas em território alagoano; é justamente toda essa riqueza que tem atraído turistas brasileiros e estrangeiros adeptos dessa modalidade.
“Temos um potencial excelente. Os observadores que passam por nossas trilhas ficam encantados. Mas ainda precisamos fortalecer essa proposta. Quando comecei na atividade, fiz parte de um grupo do Museu de História Natural de Alagoas para estudar mais profundamente as aves. Hoje já percorri mais de 40 municípios fotografando e já registrei 300 espécies diferentes”, conta Sérgio Leal, executivo da empresa Aventura Brasil.
Ele largou o emprego fixo e a estabilidade da carteira assinada para empreender, unindo trabalho e o hobby e hoje atua guiando grupos interessados em fazer tours fotográficos focados na observação de aves. Em todo o país, são mais de 42 mil observadores, segundo dados do site WikiAves. Alagoas tem três profissionais com essa habilitação para conduzir pessoas até áreas de mata onde é possível encontrar espécies de aves raras e ameaçadas de extinção.
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| Balança rabo de bico torto, pipira preta, beija-flor de costas violetas: raridades clicadas por Sérgio. |
Empreendendo com o coração
Nos últimos dez anos, ganhando força como atividade capaz de gerar emprego e renda, a observação de pássaros movimenta uma cadeia produtiva, além de hospedagem e alimentação, desenvolvendo a economia local. Os observadores de pássaros formam grupos e investem até R$ 1 mil reais nesses passeios para observar e fotografar pássaros, beneficiando também os agricultores que recebem turistas e os profissionais autônomos que atuam como guias desses grupos.
Cícero Soares, agricultor em Quebrangulo, na zona da mata alagoana, há 20 anos, mesmo de forma despretensiosa, começou a empreender com a observação de pássaros. No início era um hobby, colocando comida para atrair os pássaros e assim admirar o colorido e o canto das aves e hoje, em sua propriedade simples, já recebeu visitantes de diversos estados brasileiros e até de países como Estados Unidos, Alemanha... que fazem um "pagamento" sem valor fixo estabelecido e são recepcionados com uma típica mesa de café da manhã nordestino e chegam a passar mais de oito horas observando as espécies que surgem no comedouro feito por ele, no quintal de sua casa, um cenário ideal para observação de pássaros.
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Novas possibilidades
De olho nesse novo nicho econômico, alguns municípios alagoanos já estão buscando ampliar suas atuações. Murici e Quebrangulo já recebem pequenos grupos de visitantes que usam casas de agricultores como ponto de apoio.
Em Penedo, na região do baixo São Francisco, a Secretaria Municipal de Turismo e Economia Criativa (SETUREC), já trabalha na criação de uma rota de observação de pássaros. "Para a Prefeitura de Penedo, a criação de um roteiro de observação de aves, principalmente em áreas protegidas, como é o caso da APA da Marituba, promove a conservação, a educação ambiental e o turismo ecológico. Um roteiro turístico bem estruturado é fundamental para maximizar a experiência de turistas e visitantes, impulsionando o crescimento econômico, junto com o desenvolvimento sustentável das regiões”, explica Ulysses Xavier, turismólogo e assessor técnico da SETUREC.
Também há trilhas em Monteirópolis, no Sítio Logradouro; em Pilar, na RPPN Fazenda São Pedro, além de outras opções em União dos Palmares, Coqueiro Seco, Santa Luzia do Norte e no Parque Municipal, em Maceió.
E para quem quer começar a praticar essa atividade, o instrutor Sérgio Leal finaliza "o poder que a observação de aves tem de ser luz na vida das pessoas".
Curso de Observação de Aves - Com dois dias de duração e turmas de até 10 integrantes, o curso é dividido em dois dias – o primeiro dividido entre aula teórica e prática e o segundo dedicado integralmente à observação. Mais informações com o guia Sérgio Leal, telefone 82 9428-5552
