Da minha infância e até depois nascimento do meu sobrinho Bruno Normande, em 1987, o grito do vendedor de quebra-queixo anunciando o doce de coco, a sobremesa nordestina, era momento de alegria. Atualmente essa é uma regalia cada vez mais rara. Com pouquíssimas exceções nas regiões de praias e lagoas, onde a tradição ainda se mantém, vemos sempre senhoras e senhores com tabuleiros de aço equilibrados na cabeça, tripé no braço, uma espécie de escritório ambulante, a perambularem sem os estimuladores brados dos vendedores de antigamente.
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Quebra-queixo com pedaços de amendoim, lembrança da infância
Mas quem anda por Jaraguá, na Rua Sá e Albuquerque, pode ver um senhor e o seu tabuleiro de quebra-queixo, na sombra do imponente prédio da Associação Comercial de Alagoas, sozinho, quieto, com uma cadeira para os fregueses. É José Açucena da Silva, aposentado, que há 20 anos é doceiro e faz a guloseima com pedaços de amendoim e de coco. “Aprendi sozinho, ninguém ensinou”, conta ele. O segredo é acertar o ponto doce para não ficar mole e não açucarar. “Quando começa a cheirar tá bom. Até acertar o ponto, já queimei muito doce”, recorda o alagoano de Murici.
O preço do quebra-queixo ainda é coisa do passado, a partir de R$ 2,00 nos apetecemos da doce lembrança da infância. Segundo seu José, para cada dois cocos é preciso um quilo de açúcar. Com 72 anos, ele vem a pé do Jacintinho (onde reside) até Jaraguá, de segunda a sexta-feira, das 10 horas até esvaziar o tabuleiro. “Na minha idade não pago ônibus, mas prefiro caminhar”, revela.

Pedaços de coco do quebra queixo do seu Açucena
Rota quebra-queixo
De segunda à sexta-feira, a partir das 10 horas, entre o Banco do Brasil e a Associação Comercial. Telefone: 98802 6953

José Açucena da Silva, um exemplo, que faz nossa felicidade em sabor de quebra-queixo
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