Operação Gabarito: líder de quadrilha acumulava três cargos em AL e PB

Publicado em 07/11/2017, às 12h03

Por Redação

31 pessoas já foram presas na Paraíba, Pernambuco e em Alagoas desde o início da Operação Gabarito, que completa seis meses nesta terça-feira (7) e investiga fraudes em mais de 100 concursos públicos. De acordo com a polícia, um dos líderes da quadrilha, Flávio Nascimento Borges, de 34 anos, acumulava três cargos públicos: o de policial militar em Alagoas, o de secretário de Cultura de Joaquim Gomes, no mesmo estado, e o de auxiliar administrativo em Campina Grande, na Paraíba.

Flávio (à direita) é acusado de chefiar a quadrilha junto com o irmão Vicente. (Reprodução)

Ele é apontado como líder do esquema, junto com o irmão, Vicente Fabrício Borges, de 32 anos. O grupo é investigado por suspeita de fraude em 93 concursos, sendo que 81 foram divulgados, seis deles em Alagoas, e os demais estão sob sigilo.

Apenas no estado alagoano, foram listados como concursos que fraudados pela quadrilha os da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) em 2012 e 2016, do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) em 2012 e 2017, do Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (TRT/AL) em 2013 e da Prefeitura de Maceió em 2017.

De acordo com o delegado Lucas Sá, responsável pelas investigações, as novas fases da operação devem focar na identificação dos beneficiados pelo esquema e na prisão de membros da quadrilha que ainda estão soltos.

"Estamos na quarta fase da operação e queremos focar também na parte administrativa", explicou o delegado. "As pessoas que foram beneficiadas pelo sistema são hoje, em grande parte, servidores públicos, então estamos enviando os resultados da investigação para as instituições nas quais elas estão trabalhando. Esperamos que elas respondam a processos administrativos e sejam, por fim, demitidas", disse.

Segundo ele, um dos membros da quadrilha foi demitido do Banco do Brasil após a investigação, e um candidato do concurso do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) da Paraíba foi desclassificado por envolvimento com o esquema.

Lucas Sá explicou que a operação prossegue em doze estados. "Apesar das prisões que já realizamos, muitas pessoas seguem em liberdade", comentou. "Esperamos prender os outros membros da quadrilha em fases futuras", concluiu. 

"Kit de aprovação" custava 10 vezes o salário do cargo

As investigações da Operação Gabarito começaram em fevereiro de 2017, após a polícia receber denúncias anônimas. Mais de 100 pessoas, entre integrantes do grupo e beneficiados, estão sendo investigadas. A polícia estima que em 12 anos, o grupo desarticulado na Operação Gabarito movimentou pelo menos R$ 60 milhões com as fraudes. Parte do dinheiro era investido em imóveis, que supostamente eram comprados como uma forma de lavar o dinheiro.

Os concursos teriam sido fraudados por um esquema criminoso que vendia um "kit completo de aprovação" por até 10 vezes o valor do salário pretendido para o cargo. De acordo com o delegado, com a análise do material apreendido, que deve acontecer na quinta fase da operação, o número final de concursos pode passar de 100.

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