Com o novo normal, os quitutes tradicionais de Riacho Doce, como beiju, tapioca, grude, pé-de-moleque, brasileira, e os bolos de macaxeira e de milho, estão de volta aos tabuleiros na beira da rodovia para levar mais sabor até nossos lares. A as boleiras aceitam cartão de débito e crédito. O preço da unidade é R$ 4,00. Mas, quem levar três tapiocas ou outra tradição culinária, por exemplo, paga R$ 10,00. Aproveito para reproduzir o meu texto publicado no meu livro Guia da Gastronomia Popular Alagoana:
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Beiju de macaxeira é mais sequinho e polvilhado com coco
Beiju quentinho polvilhado com coco, também conhecido como chapéu de couro, é uma das tradições das boleiras de Riacho Doce, que comercializam seus quitutes em tabuleiros dispostos às margens da rodovia, no Litoral Norte de Maceió, próximo à Igreja Nossa Senhora da Conceição.
A habilidade e o domínio dos segredos que envolvem a produção dos bolos e outras iguarias das quituteiras de Riacho Doce é antiga, embora ninguém saiba dizer ao certo como começou a tradição, que é passada sempre de mãe para filha.

Cristina é uma das boleiras tradicionais em Riacho Doce
Vale dizer que houve um tempo que as pessoas levavam amigos e parentes de outros estados para saborear os bolos na beira do forno, como uma atração turística. Essa é uma das lembranças contadas pelo Yêda Rocha, do livro Delicias da Culinária Alagoana das Irmãs Rocha.

Foto da saudosa Dona Percina com as filhas Anabel, Angélica e Angelina que seguem a tradição
Uma das boleiras que ajudou a manter viva a tradição de Riacho Doce foi dona Percina Assis, falecida no ano de 2013. Ela, com seus mais de 80 anos, foi homenageada pela sua valiosa contribuição à história da culinária alagoana, no dia 16 de setembro de 2011, durante as comemorações dos 194 anos de Emancipação Política de Alagoas pelo Governo do Estado .
Percina era uma das boleiras mais antigas do bairro e suas filhas continuaram o legado da mãe, que também era mestra das cocadas.

Brasileira é o nome de um doce feito com farinha de trigo, manteiga e coco ralado
Antes mesmo de o sol nascer, a primeira tarefa do dia para as quituteiras de Riacho Doce é colocar lenha no forno de barro para assar os doces e bolos. Como a produção é farta, a matriarca costuma arregimentar filhas, filhos, genros e noras para a tarefa. Às 10h, as guloseimas saem do forno e vão direto para os tabuleiros.
O ingrediente principal dos bolos e doces é originário da mandioca, como goma, massa puba amarela e branca, coco seco, manteiga e sal. Uma curiosidade: nenhuma receita leva ovo, nem mesmo os bolos.

Para os índios, o beiju era o pão e esta tradição persiste até os dias de hoje em Riacho Doce
Para os índios, os beijus eram o pão de cada dia, e a tradição persiste até os dias de hoje. Os beijus podem ser de goma ou de massa puba. Para fazer o pão dos índios, a goma é deitada em cima do forno e, com as mãos, se faz um círculo; em seguida, acrescenta-se o coco-ralado. Quando a massa fica sequinha, vira de lado e já está pronta para ser saboreada.

Tapioca misturada, tradição de Riacho Doce
O pé de moleque, tradicionalmente enrolado e assado na palha da bananeira, é feito com massa puba, coco ralado, manteiga, sal e açúcar. No tabuleiro das boleiras de Riacho Doce também tem a tapioca misturada, diferente da comercializada na orla de Maceió. Para preparar a iguaria, não tem mistério: basta misturar a goma de tapioca com o coco-ralado e fechar sem o recheio. O resultado é uma tapioca rústica, bem diferente da tradicional. Uma boa pedida para acompanhar é um café bem quentinho.
Dessa produção genuinamente artesanal, uma das iguarias que mais aprecio é o grude, também conhecido como malcasado de oma. A goma da tapioca é mistu- rada ao coco-ralado, manteiga e sal. Os ingredientes são amassados até a mistura ficar molhada. De- pois, a massa é moldada em forma- to redondo.

Grude na folha da bananeira de Riacho Doce
Antes de colocar os grudes no forno à lenha, abre-se a folha da bananeira para receber o malcasado, que deve ser assado até ficar levemente dourado dos dois lados. A folha da bananeira também tem a função de manter os doces de Riacho Doce quentinhos e saborosos, preservando uma tradição que está inscrita na história dos povos indígenas brasileiros.

Foto de 2071: As gêmeas Paula e Poly, de Riacho Doce. Elas aceitam encomendas
Rota Boleiras Riacho Doce
Os quitutes R$ 4,00 (unidade)/ Preço promocional R$ 3 por 10/ Aceita-se cartões
Rodovia AL-101, defronte a igreja Nossa Senhora da Conceição – Riacho Doce/ Telefones: Poly: 82 99365-6042/ Anabel: 82 99151-8531
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