Paciente vive 271 dias com rim de porco modificado em recorde histórico

Publicado em 31/10/2025, às 22h43
Foto: Reprodução/Kate Flock / Mass General Hospital
Foto: Reprodução/Kate Flock / Mass General Hospital

Por Um Só Planeta

O norte-americano Tim Andrews, de 67 anos, tornou-se o paciente que mais tempo viveu com um rim de porco geneticamente modificado. O órgão foi removido após 271 dias de funcionamento, marcando um recorde histórico nos Estados Unidos. A cirurgia havia sido realizada em janeiro deste ano no Hospital Geral de Massachusetts, em Boston.

O transplante fez parte de um experimento médico que busca viabilizar o uso de órgãos de animais modificados geneticamente para substituir transplantes humanos — uma prática conhecida como xenotransplantação. O rim utilizado foi fornecido pela empresa de biotecnologia eGenesis, que utilizou a tecnologia CRISPR para realizar 69 alterações genéticas no animal doador, com o objetivo de tornar o órgão compatível com o corpo humano.

Durante os nove meses com o rim, Andrews pôde retomar parte da rotina, dispensando a diálise e até participando de eventos públicos, como o arremesso simbólico de uma partida do Boston Red Sox. O paciente chamava o órgão de “Wilma”, em homenagem ao porco doador. No entanto, com o passar dos meses, o órgão começou a apresentar sinais de falha, levando os médicos a optarem pela retirada. Andrews agora aguarda por um transplante de rim humano.


Apesar da remoção, a equipe médica e a empresa responsável consideram o caso um sucesso. A eGenesis afirmou ao Smithsonian magazine, que o órgão cumpriu sua função vital por tempo significativo, destacando o potencial da técnica para reduzir o déficit mundial de órgãos disponíveis para transplante. A escassez de doadores humanos é um dos principais desafios da medicina moderna, e os cientistas acreditam que avanços como este podem ser fundamentais para salvar vidas no futuro.


Tim Andrews, que não poderá receber outro órgão de porco, afirmou em entrevista que se considera parte de uma “missão pioneira”. Ele também fez um apelo público para que mais pessoas se tornem doadoras de órgãos. “Wilma foi uma grande parte dessa conquista médica — e uma parte da minha alma”, escreveu nas redes sociais. O hospital de Boston deve realizar um novo transplante de rim modificado ainda este ano, enquanto pesquisas semelhantes continuam sendo conduzidas em outros países, como a China.

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