Pais de bebês mortos dizem que hospital de Arapiraca alegou doença e contestam prontuário

Publicado em 16/01/2023, às 12h01
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Por TNH1 com TV Pajuçara

"No quarto tem berço para dois, tem roupa, tem tudo preparado para que meus filhos chegassem em casa, e para que eu pudesse dedicar minha vida a eles". A declaração emocionada da autônoma Joyce Gomes foi dada em meio ao mistério no município de Arapiraca: o parto de dois bebês gêmeos que não sobreviveram. A história ganhou mais um capítulo após os pais dos bebês afirmarem que o hospital teria informado que um deles teria morrido depois de pegar uma doença que os genitores teriam passado. A família contesta a unidade de saúde e cobra respostas para os dois óbitos.

No último sábado, 14, o TNH1 publicou a reportagem sobre a denúncia da família contra o Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho. E nesta segunda, em entrevista ao programa Balanço Geral Alagoas, da TV Pajuçara/Record TV, Joyce e o esposo, o auxiliar de pedreiro Walyson Santos, voltaram a pedir explicações. Durante a conversa, a mulher destacou que a certidão de óbito de um dos filhos mostrou que a morte foi provocada por falência múltipla dos órgãos e por crises convulsivas de difícil controle.

"Quando nasceram, eles falaram que apenas um deles tinha desenvolvido, eu perguntei pelo outro, porque só vi um. Eu quero saber realmente cadê o outro? E também quero saber o que aconteceu com meu filho, o que eu enterrei, para ele ter ficado daquele jeito. Por que eles falaram que eu e meu esposo estávamos com uma doença muito grave que chegou a passar para o nosso filho?", iniciou a mulher.

"Eu quero descobrir a verdade. Eu quero descobrir a causa da morte do bebê que eu enterrei. Não tem condição de uma criança daquela que eu recebi na maternidade, que estava bem e que só faltava o exame de sangue para ter alta, e de repente ela pega uma bactéria, evolui muito rápido e fica naquele estado que ficou. Com hematomas, com braço todo enfaixado, com testa como se alguém tivesse derrubado a criança. Não existe o que está acontecendo", continuou a mãe.  

Após concordar com a companheira, Walyson afirmou que também ficou sem entender sobre qual enfermidade o hospital justificou para explicar a morte do menino. "Disseram: 'A causa da morte foi através da sua esposa e de você", relatando que a gente estava com algum problema, com doença grave", disse o pai. 

De acordo com Joyce o prontuário médico apresentou um conflito de informações. A mulher disse que o documento já está nas mãos do advogado da família.  "Na data de pegar o prontuário, o assistente social disse que ele vinha de Maceió. Aí falou que não tinha prontuário meu lá, eu tenho essas gravações, mas como não está lá? Se eu tive o bebê lá. Aí depois realmente eu consegui pegar o prontuário, inclusive tinha um prontuário de outra pessoa junto do meu. E ainda colocaram que meu parto foi normal, sendo que foi cesariana. Então há muitas coisas que não aconteceram e eles colocaram no prontuário", destacou.

Pouco mais de um mês após o trauma, o casal confirmou que decidiu entrar na Justiça contra o hospital. O prontuário teria sido entregue pela unidade hospitalar após muitas cobranças da família, e ainda de acordo com Joyce, não constava no documento que o parto seria de gêmeos. Ao TNH1 o Hospital Regional de Arapiraca disse que não fornece informações do prontuário, pois são dados sigilosos.

Pai de bebês dá versão do que aconteceu antes e após parto - Walyson Santos contou para a reportagem os momentos que viveu no dia do parto, entre o quarto onde estava a esposa e o setor da maternidade para onde o filho sobrevivente foi levado.

"Quando cheguei perto da sala onde ela ia fazer a cesariana, ela entrou e eu fiquei do lado de fora. Fiquei esperando o doutor me chamar. Aí não chamaram, e aí fiquei na espera, no corredor. Nisso, depois a gente foi para a sala, para a maternidade. Ela entrou e mandou eu olhar o menino. O menino estava bem, estavam limpando ele. Depois voltei para olhar ela de novo, aí retornei para dar a roupinha dele. Pronto, voltei para a sala da maternidade e fiquei esperando. Aí quando foi meio-dia, chegaram com o menino, e ficamos com ele, até aí tudo certo", disse Walyson.

"Aí quando pegam o menino para examinar nos disseram que já iam entubar, nas carreiras, porque estava com falta de ar. Mas realmente ele não estava com falta de ar. Ele não estava com febre. Já estavam entubando e não deixaram a gente entrar mais. Tivemos que esperar fora da UTI. Depois disseram que foi uma bactéria, mas ficaram sem explicar o motivo certo", contou o pai.  

A família já procurou a Polícia e registrou Boletim de Ocorrência na Central de Flagrantes de Arapiraca. Agora, os pais vão à Justiça para cobrar respostas.

Veja o relato dos pais, na reportagem de Bruno Protasio:

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