É um festival de humilhação semanal. A presença das Panicats, no Pânico na Band, já garantiu boa parte da audiência do programa, mas é constrangedor constatar que, em pleno 2016, uma atração use a presença feminina desta forma como subterfúgio para obter vantagem. As garotas, todas jovens, na faixa dos vinte e poucos anos, são tratadas como um naco de picanha. Estão ali somente para garantir closes ginecológicos e alimentar a fantasia dos machos do outro lado da tela. Elas são sempre expostas às situações mais vexatórias, apanham, são ridicularizadas, protagonizam pegadinhas de péssimo gosto, tudo com a desculpa de sempre exibirem as curvas.
Curioso é notar que o próprio Pânico teve, em seu elenco, a "Mulher Samambaia", que pretendia ser exatamente uma crítica a essa presença vazia de mulheres que não são mais do isso: uma planta, sem direito a fala. A personagem, quanta ironia, interpretada por Dani Souza, acabou sumindo do programa, e a crítica, no fim, se mostrou ineficaz. O Pânico provou do próprio veneno veneno e admitiu que gosta mesmo é de tratar mulher feito objeto, a despeito de tudo o que vem sendo dito e feito no sentido de reduzir esse tipo de atitude.
Não foram poucas as mulheres que se submeteram a esse papel. Lizi Benites, a Piu-Piu, Nicole Bahls, Juju Salimeni e Dani Bolina foram algumas das Panicats que entraram para o hall da fama das gostosas do programa. Hoje em dia, além de Aline Riscado e da Mendigata, que figuram no elenco fixo da atração, estão no ar Carol Dias, Babi Muniz e Aline Mineiro, os principais alvos da baixaria toda. São garotas que podem ganhar pouco como funcionárias ali, mas levantam muitos trocados fazendo ensaios sensuais e presenças vip Brasil afora. A exposição no programa aumenta o cacife delas.
Triste mesmo é esse mecanismo em que é preciso aparecer como se estivessem num açougue para alavancar a fama. Viram a carne fresca e barata neste mercado que se alimenta de expor mulheres como produtos de consumo. O Pânico presta um desserviço a todas as mulheres. Ninguém aguenta mais ver esse tipo de tratamento, que aponta a figura feminina como a gostosa idiota. Seria ótimo se esse modelo mudasse de vez.
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