"Pela minha vida passada, acho que pequei muito para ter uma mãe assim": os áudios chocantes do menino que denunciou violência da mãe em Maceió

Publicado em 12/11/2025, às 14h33
"Pela minha vida passada, acho que pequei muito para ter uma mãe assim": os áudios chocantes de menino que denunciou mãe em Maceió - TV Pajuçara
"Pela minha vida passada, acho que pequei muito para ter uma mãe assim": os áudios chocantes de menino que denunciou mãe em Maceió - TV Pajuçara

Por TNH1 com TV Pajuçara

A TV Pajuçara teve acesso, nesta quarta-feira, 12, aos áudios chocantes que revelaram as graves denúncias feitas por um menino de apenas 12 anos de idade contra a própria mãe. Os relatos da criança citam violência pesada, inclusive, com um chicote de cavalo utilizado pela genitora para bater no filho.

A mulher foi presa na noite dessa terça-feira, 11, no bairro Cidade Universitária, na parte alta de Maceió, após a Polícia Militar receber denúncia anônima de abandono e maus-tratos contra o menino e o irmão de apenas 4 anos de idade na residência da família.

O caso foi descoberto depois que as marcas de violência foram percebidas e denunciadas por uma pessoa que teve contato com o garoto. A conversa foi gravada e, em um dos momentos, a criança fez um forte desabafo:

"Na minha vida passada eu acho que eu pequei muito pra ter uma mãe assim. Eu vou ficar aguentando isso até quando? Até os meus 18 anos?", disse o menino de apenas 12 anos de idade, sobre as denúncias de violência contra a própria mãe.



O jornalista Leandro Santiago, que teve acesso primeiro aos áudios denunciados à TV Pajuçara, ficou chocado com o conteúdo.

"Áudio forte, com um relato de cortar o coração. De dar soco no estômago. Choca demais, dói demais", resumiu o repórter.

Veja e ouça abaixo os trechos da denúncia feita pela criança:

  • Menino: "Quando a minha mãe não tiver em casa, se minha vó for me buscar e levar pra casa dela, ela pode fazer isso?".
  • Menino: "Pra bater é um pedaço de pau e ferro. Três pedacinhos de tabica. É tipo um pedaço de tabica com três fiozinhos. Eu tenho um monte de cicatriz".
  • Menino: "Ela já me acordou perguntou porque eu tava com o celular. Eu disse a ela: 'e você tem certeza?' Ela disse: 'eu vou lhe bater se você não falar a verdade'. Eu continuei dizendo. Ela não acreditou em mim e pegou e me bateu".
  • Menino: "A minha mãe pega a tabica, olha pro lado e bate em mim. Eu tenho medo de alguém denunciar ela e ela querer ficar com raiva de mim".
  • Menino: "Ela diz que ia me matar no cacete e que ia meter a faca em mim porque os policiais iam achar só no outro dia".
  • Menino: "Ela disse que eu era inseto ruim, que não era nem pra eu ter nascido".
  • Menino: "Eu disse à minha avó que ela queria me dar uma facada, que ela me ameaçou de dar uma facada, aí minha vó disse que ela não ia dar, que ela não era doida, porque se ela desse ela ia presa".
  • Menino: "Aí teve uma vez que minha mãe veio e me deu um soco na minha cara. Aí eu caí no chão, já caí com raiva. Porque ela viu uma prova minha de artes que eu tinha tirado um, valia de zero a sete. Eu tenho muita dificuldade em artes. Aí ela pediu pra eu trazer o livro, pra mostrar o que eu estava estudando e eu mostrei. Aí ela pegou o livro da minha mão e deu um soco na minha cara".
  • Menino: "Na minha vida passada eu acho que eu pequei muito pra ter uma mãe assim. Eu vou ficar aguentando isso até quando? Até os meus 18 anos?".

O que diz o Conselho Tutelar

A conselheira Adriana Correia, responsável pelo atendimento na região do Cidade Universitária, contou que o menino suplicou por socorro ao ser abordado pelo Conselho Tutelar em casa.

"Nós recebemos os áudios e nos dirigimos ao local para verificar se era verídico. Por volta de meio-dia não tinha ninguém na residência. Retornamos por volta das 17h e estavam as duas crianças. Fui recebida por uma criança de 12 anos, desesperada, com um olhar de pedido de socorro".

Segundo Adriana, ele perguntou quem ela era e disse:

"'Tia, você é uma assistente social? Me socorre, me tira daqui'. Eu pedi para ele se acalmar. Ele viu o meu crachá: 'Você é do Conselho? Me ajuda! Eu não aguento mais apanhar'. Pedi para ele ter calma. Ele começou a chorar muito. Veio outra criança, de apenas 4 anos, e o irmão pediu para ele se acalmar, pois estava falando com a tia".

A conselheira afirmou que o menino tinha marcas no braço e perguntou o que teria sido, se ele tinha caído.

"Ele disse: 'Não, a minha mãe bateu de tabica em mim'. Ele começou a chorar muito e disse que não poderia falar, pois a mãe o ameaça dizendo o mataria com uma faca peixeira. Foi essa a fala da criança. Ele pediu por favor para levá-lo para a avó. 'Minha avó me ama. Agora não tira o meu irmão de perto de mim, eu preciso do meu irmão comigo'", relatou Adriana.

De acordo com a conselheira, naquele mesmo momento, a criança pediu para ligar para a avó. "Falamos com a avó dele, pedimos para ela comparecer à Central de Flagrantes. Solicitamos o apoio da polícia, pois a denúncia era verídica, e foi constatado o abandono de incapaz".

O menino de 4 anos estava sem entender a situação, enquanto o irmão mais velho prosseguiu com os pedidos de socorro. "A minha mãe bate também no meu irmão. Eu apanho mais. Apanho de tabica. E eu não aguento mais apanhar tanto", narrou a conselheira. "Era um olhar de socorro, medo e pavor. Ele só fazia: 'Me tira daqui, por favor'".

A mãe foi autuada em flagrante por abandono de incapaz. As crianças se encontram com a avó —uma senhora muito cuidadosa, segundo a conselheira. A avó foi imediatamente para a Central de Flagrantes. O tio dos meninos também foi à Central, o pai de uma das crianças também compareceu, deram total assistências àquelas crianças, de acordo com o Conselho Tutelar.

Ainda em depoimento de Adriana à TV Pajuçara, a avó materna disse que repreendeu a filha nesta semana, porque a criança fez um vídeo e enviou para a avó, o conteúdo do vídeo era para mostrar a pisa que a criança levou na sexta-feira. A avó foi até a casa da filha repreendê-la.

Segundo a conselheira, a avó dos meninos também chamou a atenção da filha sobre o cachorro da família, um rottweiler que "tomava conta" dos meninos. "O rottweiler ficava junto com eles dois, dentro de casa, até o horário que a mãe retornasse", completou a conselheira.

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