Com centenas de hits, um estilo de compor que virou marca e uma voz inesquecível, a obra de Marília Mendonça segue fazendo história e quebrando recordes, mesmo após sua morte em 2021. A música "Leão", lançada em dezembro de 2022, se tornou a faixa mais ouvida por brasileiros na história das plataformas digitais, provando que a voz da "Rainha da Sofrência" ainda vai ecoar por muito tempo.
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Para a alegria dos fãs, o acervo de trabalhos inéditos da cantora é vasto. Segundo o empresário Wander Oliveira, dono da Workshow, empresa que administra a obra da artista, há material suficiente para lançar "10 músicas por ano" ao longo de "20 anos, com folga".
A herança musical e os envolvidos
Desde o trágico acidente, o legado musical de Marília Mendonça é gerido por três partes principais:
Apesar de todas as partes precisarem trabalhar juntas para preservar a imagem da cantora e decidir o futuro dos trabalhos póstumos, nem sempre as decisões agradam a todos. Um exemplo recente de desacordo foi o dueto póstumo entre Marília e o cantor Cristiano Araújo, que uniu as vozes digitalmente na música "De Quem É a Culpa?". A iniciativa partiu da família, mas não teve a concordância do empresário.
O pen drive da discórdia
Parte do material inédito de Marília foi gravado de forma caseira, com a artista registrando rascunhos de músicas pelo celular. Essas gravações estão espalhadas em dispositivos com parceiros de composição e com o produtor musical Eduardo Pepato. Um desses dispositivos, um pen drive que se tornou alvo de atrito, concentra uma série de arquivos.
O conteúdo foi compilado por Juliano Soares, conhecido como Tchula, amigo e principal parceiro de composições de Marília. De acordo com Wander Oliveira, o pen drive tem entre 100 e 110 arquivos, incluindo ideias de composições, gravações de voz e violão, e a voz de Marília em músicas próprias e de outros artistas. Uma fonte do g1, que ouviu algumas das faixas, chegou a citar uma música em especial como uma das melhores da carreira da cantora.
Segundo Wander, sua intenção era que o dispositivo fosse guardado como uma herança afetiva para Léo, o filho de Marília. O empresário afirmou ter doado sua parte dos direitos dos arquivos para o espólio do menino, que só poderá gerir a obra da mãe ao completar 18 anos.
"Eu não achava que deveria ser meu ou de qualquer pessoa, que não fosse o Léo, o que tem nesse pen drive", disse Wander. "Para mim, o pen drive pertence ao Léo. Eu gostaria que, no momento em que ele tivesse entendimento, fosse entregue para ele, para fazer o que quiser. Isso é a história da mãe dele."
No entanto, o empresário revela que, após o suposto acordo, o advogado da família estava na Som Livre negociando o pen drive.
Procurado pelo g1, Robson Cunha, advogado da família de Marília Mendonça, confirmou que as conversas com a gravadora para o lançamento das músicas do pen drive estão em andamento. Ele reiterou que, pelo contrato assinado em 2019, tudo que a artista produziu em vida já pertence à Som Livre. O advogado disse ainda desconhecer qualquer acordo para que o conteúdo do pen drive fosse guardado como uma herança, e afirmou que o próprio Wander Oliveira também incluiu os arquivos do dispositivo em suas negociações.
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