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Pó de café estanca sangue? Entenda por que o 'remédio' pode ser perigoso

Viva Bem/UOL | 29/04/24 - 08h37
Priscila Barbosa

O pó de café é um dos "remédios caseiros" mais conhecidos quando o assunto são cortes. No entanto, a aplicação do alimento para estancar um sangramento não tem eficácia comprovada cientificamente e, inclusive, pode desencadear efeito contrário no processo de cura. Especialistas ouvidos pelo UOL explicaram os riscos da prática.

O ato de jogar pó de café em um corte aumenta o risco de contaminação na pele e prejudica a cicatrização. A prática, inclusive, pode promover infecções secundárias, pois o produto atuará como um corpo estranho em contato com a musculatura e os vasos sanguíneos.

O pó pode ser portador de agentes ambientais e biológicos (bactérias e fungos) que acarretam um processo infeccioso no local. A cicatrização do corte pode ser retardada com o uso do café, proporcionando um resultado estético negativo na área do corpo com corte.

Segundo especialistas, a maneira mais indicada para estancar um sangramento é limpando o corte com água corrente e sabão neutro e fazendo compressão no local com uma gaze ou pano limpo de cinco a dez minutos.

Caso o corte continue sangrando, a recomendação é repetir a compressão pelo mesmo período, pois a medida funcionará em casos de ferimentos simples. No entanto, se o corte for mais profundo, a pessoa precisa ir até uma unidade de pronto atendimento para ser avaliada por um médico o mais rápido possível.

A crença

O uso do café para estancar sangramentos é muito comum, pois se tornou uma prática popular no Brasil, apesar de não ter nenhuma referência científica que atribua ao pó do café uma ação coagulante ou cicatrizante.

Bebida milenar, o café passou a ter os efeitos medicinais explorados com a chegada da planta originária na Arábia. Os árabes foram os primeiros a cultivá-la como "milagrosa".Além disso, os remédios caseiros se popularizaram porque o país possui diversas cidades afastadas dos grandes centros, que não possuem acesso à informação nem assistência médica.

Muitas das práticas trazidas pelos povos africanos se incorporaram às práticas de cuidado dos povos indígenas originários em solo brasileiro, resultando em uma série de crenças que ganharam identidade e força de cultura em cada região do país.