Polêmica com Havaianas: ações da Alpargatas disparam 3%

Publicado em 23/12/2025, às 17h02
Divulgação / Havaianas
Divulgação / Havaianas

Por Tamara Nassif / Folhapress

As ações da Alpargatas, proprietária da Havaianas, subiram 3,5% após uma queda de 2,4% devido a um boicote impulsionado por críticas políticas à sua última campanha publicitária, que gerou polêmica entre apoiadores da direita.

A campanha, estrelada por Fernanda Torres, foi mal interpretada como uma mensagem política, especialmente em um ano eleitoral, levando a reações de figuras como Eduardo Bolsonaro e Nikolas Ferreira.

Apesar da polêmica, analistas acreditam que o impacto será de curto prazo, enquanto uma loja de calçados em Santa Catarina esgotou rapidamente seu estoque de Havaianas, anunciando que não venderá mais a marca devido à sua posição política.

Resumo gerado por IA

As ações da Alpargatas, dona da Havaianas, estão em forte alta nesta terça-feira (23), um dia depois de tombarem em meio à polêmica envolvendo a última campanha publicitária da marca de chinelos.

Às 15h, os papéis disparavam 3,5%, cotados a R$ 11,85. Na véspera, haviam caído 2,4% por causa da possibilidade do boicote --inflamado por políticos de direita nas redes sociais-- afetar o faturamento da Havaianas, em uma época do ano já tradicionalmente marcada por baixa liquidez nos mercados.

O avanço desta terça se soma à alta acumulada de mais de 80% dos papéis neste ano, reflexo de um reestruturação na marca que alavancou resultados corporativos nos últimos trimestres.

A campanha publicitária em questão, estrelada por Fernanda Torres, gerou críticas de apoiadores da direita após a atriz afirmar que não deseja que o público comece 2026 "com o pé direito", mas "com os dois pés".

A frase foi interpretada por políticos e influenciadores como uma mensagem de cunho político, considerando que o próximo ano será de eleições presidenciais. Entre os que se manifestaram estão o ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que associaram o conteúdo da propaganda a uma suposta posição ideológica da marca.

Procurada pela Folha, a Havaianas não se pronunciou.

A recuperação da Alpargatas na Bolsa reverteu as perdas da véspera. Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, afirmou que o impacto de fato seria de curto prazo.

"Já vimos isso acontecer outras vezes com empresas que tiveram alguma exposição nesse sentido, e de ambos os lados do espectro político, como Smartfit, Madero, Magazine Luiza, JBS... Para a empresa ser afetada porque se envolveu com alguma polêmica política teria que ser algo muito maior", diz.

Ele acrescentou ainda que a companhia "deu azar" de enfrentar uma polêmica em um momento de baixa liquidez no mercado. "Uma notícia negativa nesses momentos causa uma oscilação maior, mas é difícil ver isso se estendendo por muito tempo."

Fora das redes e das mesas de operação, porém, a polêmica virou pauta no varejo. A loja Calçados Guarani, de Brusque (SC), esgotou em poucas horas o estoque de chinelos da marca após colocar os pares à venda por R$ 1.

Em publicação feita em seus perfis oficiais, a Calçados Guarani afirmou que suas três lojas venderiam todos os pares da Havaianas por R$ 1 enquanto durasse o estoque. "Não vamos mais trabalhar com a marca por tempo indeterminado, devido à provocação da marca com a população conservadora, na qual fazemos parte!", disse a loja, em comunicado publicado no Instagram.

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