Uma decisão da Justiça argentina resultou na derrubada de 22 aplicativos de streaming piratas, afetando usuários brasileiros que dependiam desses serviços, que operavam a partir de servidores na Argentina.
Mais de 2 milhões de pessoas, incluindo muitos brasileiros, utilizavam essas plataformas, que geravam um faturamento anual de até US$ 200 milhões, oferecendo acesso a conteúdos protegidos por direitos autorais a preços baixos.
Após o apagão, usuários relataram dificuldades financeiras, mas não têm garantias legais, já que os serviços eram ilegais; enquanto isso, o governo brasileiro intensificou suas próprias operações contra a pirataria, bloqueando 535 sites e um aplicativo na última semana.
Uma decisão da Justiça argentina no último domingo, 30, provocou um apagão que atingiu usuários brasileiros de plataformas de streaming piratas. A ordem judicial derrubou 22 aplicativos usados para transmitir filmes, séries e canais esportivos sem autorização, entre eles BTV, Red Play e Blue TV.
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Embora a operação tenha ocorrido integralmente na Argentina, o impacto se espalhou porque boa parte desses serviços funcionava a partir de servidores e estruturas instaladas no país vizinho.
Assim, quando a Justiça determinou a interrupção dos sistemas, os aplicativos deixaram de funcionar para todos os usuários, incluindo os brasileiros. Nas redes sociais, clientes da BTV relataram erro 503, que indica falha no servidor.
Como funcionava
Os aplicativos eram acessados principalmente por meio de TV boxes e aparelhos de IPTV, dispositivos que transformam qualquer televisão em uma plataforma de streaming. Esses equipamentos são permitidos no Brasil, desde que certificados pela Anatel, o que não é o caso de parte do mercado que usa esses aparelhos para rodar plataformas ilegais.
Segundo a Alianza, associação que combate a pirataria audiovisual na América Latina e responsável pela denúncia que motivou a investigação, mais de 2 milhões de pessoas pagavam pelas 22 plataformas eliminadas. A assinatura custava entre US$ 3 e US$ 5 por mês, e dava acesso a conteúdos protegidos por direitos autorais. O faturamento anual do esquema chegou a até US$ 200 milhões.
A investigação apontou que a operação tinha fachada profissional: escritórios na Argentina cuidavam de marketing e vendas, mas a infraestrutura técnica estava hospedada na China. Em agosto de 2025, buscas realizadas nesses endereços revelaram que as empresas funcionavam como centrais do esquema, apesar de aparentarem legalidade, e uma delas tinha até setor de RH.
Por que isso afeta o Brasil?
A derrubada ocorreu no país vizinho, mas o alcance das plataformas era internacional. As empresas ofereciam serviços não apenas para argentinos, mas também para milhões de brasileiros. Como o sistema técnico era centralizado, quando a Justiça determinou o bloqueio na Argentina, todo o ecossistema saiu do ar.
É o mesmo princípio de quando um servidor estrangeiro é desativado: mesmo que o usuário esteja em outro país, a plataforma deixa de responder. Por isso, assinantes brasileiros que pagavam pelos serviços ficaram sem acesso de uma hora para outra.
Após o apagão, alguns usuários recorreram a sites de reputação de empresas para reclamar das perdas financeiras. Mas, como se tratam de plataformas ilegais, o consumidor não tem garantia de direitos.
Operações contra pirataria
Esta foi a segunda leva de derrubadas feita pela Justiça argentina. No início de novembro, outros 14 serviços foram retirados do ar, atingindo cerca de 6,2 milhões de assinantes, sendo a maior parte no Brasil.
Paralelamente, o governo brasileiro tem realizado ações próprias. Na última semana, uma etapa da Operação 404, coordenada pelo Ministério da Justiça, bloqueou 535 sites e um aplicativo pirata. Apesar de tratarem do mesmo tema, as duas operações não têm relação entre si.
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