Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB diz ter sido ameaçado de morte

Publicado em 24/08/2017, às 17h39

Por Redação

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB-AL), Ricardo Moraes, registrou um Boletim de Ocorrência (BO) na tarde desta quinta-feira, 24, após, segundo ele, ter sido ameaçado de morte, por telefone, quatro vezes, na manhã de hoje. O autor da ameaça, segundo Moraes, seria um policial, que se identificou como "Jayme Militar".

O caso aconteceu após a OAB divulgar que iria investigar o assassinato de cinco suspeitos de troca de tiros com a polícia militar na Feirinha do Tabuleiro, no dia 16 de agosto. As ligações de ameaça foram recebidas pelas duas sedes da OAB localizadas no Centro de Maceió e em Jacarecica.

De acordo com o presidente da Comissão, o suposto policial teria mandado a OAB parar a investigação sobre as mortes, caso contrário, ele teria o mesmo destino das vítimas.

"Falaram como se nós defendêssemos bandidos, o que não é verdade. Direitos Humanos defende cidadão de qualquer classe", afirmou Ricardo Moraes.

E garantiu: "nós não vamos nos intimidar com esse tipo de ameaça".

Questionado sobre se haverá alguma mudança de comportamento com relação às investigações do caso da troca de tiros na Feirinha do Tabuleiro, depois das ameaças, o advogado disse: 

"Eu sei que tenho que ter cuidado com a minha vida, mas é um trabalho que não é só meu. Se eu não estivesse fazendo esse trabalho, outra pessoa faria e, talvez, até melhor. Quem fez a ameaça precisa entender, que não é tirando a vida de uma pessoa, que ele vai acabar com o trabalho da OAB - órgão que conta com a adesão de mais de 10 mil advogados em Alagoas e mais de um milhão em todo o Brasil. Isso é um ataque à advocacia nacional".

"Eu já defendi muitos militares, e tenho colegas militares que sabem disso. Já defendi policiais da Rádio Patrulha que foram a julgamento por um suposto assassinato e eu provei que as mortes foram em consequência, realmente, de um confronto".

Medidas cautelares

Logo após as ligações, o advogado Ricardo Moraes, juntamente com a presidente da OAB-AL, Fernanda Marinela, fez o registro de um Boletim de Ocorrência (B.O) na Delegacia Geral e, a partir disso, oficializou o documento a órgãos como a Secretaria de Segurança Pública, Tribunal de Justiça e o Gabinete Civil.

"Estive no gabinete hoje, mas o governador estava no interior para uma solenidade. Conversei com o chefe da Casa Civil, Fábio Farias, que fez o compromisso de passar as informações ao governador e de chamar os responsáveis pela investigação, para que todas as providências sejam tomadas. Pedi ao Conselho de Segurança para fazer a segurança particular do doutor Ricardo, estamos aguardando", explicou a presidente da OAB-AL, Fernanda Marinela.

O advogado Ricardo Moraes concluiu dizendo: "os bons policiais a gente aplaude, mas os maus policiais têm que pagar e sentir o peso da lei como qualquer outro cidadão. Nós defendemos quem tiver a violação de seus direitos, seja quem for".

A Assessoria da Polícia Militar informou que vai se pronunciar sobre o caso, posteriormente, por meio de nota.

Possíveis provas

Entre os materiais apresentados por familiares das vítimas do que aconteceu na Feirinha do Tabuleiro, existem áudios, mensagens de texto e uma localização enviada por WhatsApp. Um áudio seria de um homem informando à mãe que estava sendo socorrido para o HGE e estava bem. Já em outro, ele afirma que a viatura teria tomado outro destino.

O Comando da Polícia Militar desmentiu a informação sobre o trajeto, afirmando em nota que o percurso foi observado pelo rastreamento monitorado da viatura.

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