Professora que morreu tentando salvar alunos de creche teve 90% do corpo queimado

Publicado em 07/10/2017, às 10h04

Por Redação

A educadora Heley de Abreu Silva Batista, de 43 anos, teve 90% do corpo queimado. A informação foi confirmada pela assessoria do hospital onde lutou pela vida após tentar impedir que seus pequenos alunos, da creche Gente Inocente, fossem queimados pelo vigia Damião Soares dos Santos. Ela também teria tentado lutar contra ele para impedir que o ataque fizesse mais vítimas.

Professora há quase duas décadas, testemunhas relataram que Heley conseguiu salvar diversas crianças da creche antes de o vigia Damião também atear fogo no corpo dela. “Ela estava queimada e insistia em tirar as crianças. Acho que ela salvou a maioria. É a força que Deus deu para ela, de ter essa coragem. Só Deus mesmo, sabe. Eu nem sei… Ela foi uma heroína de ter salvado essas crianças. Toda vida ela foi assim, uma mulher que não tinha medo de nada. Ela enfrentava qualquer parada. Era da natureza dela”, disse a mãe de Heley.

Segundo relato da madrinha de um dos três filhos de Heley, Rejane Rodrigues Brito, a professora pediu para que os meninos deitassem no chão e tentou abafar o fogo, o que talvez tenha sido suficiente para evitar a morte de algumas das crianças.

Amor por crianças

Rejane conta que Heley dedicava-se com afinco às aulas e que começou a trabalhar na creche há pouco mais de um ano. “Ela era apaixonada pelos meninos. Disseram que ela tentou bater o fogo, deitar os meninos, rolar no chão, mas ele jogou álcool nela também”, conta.

Mãe de um casal adolescente e um bebê de um ano, a professora Heley escolheu a Pedagogia como profissão por amar crianças. Assim descreve também o professor Izael Junior, que trabalhou com a vítima.

“Trabalhamos há anos juntos e dei aula para os filhos dela. Uma excelente professora e ótima pessoa. Todos tinham um carinho enorme por ela”, relatou.

Tragédia há 12 anos

A tragédia na creche remete a uma tragédia pessoal da professora. Doze anos atrás, um filho recém-nascido de Heley morreu afogado em uma piscina. À época grávida, a professora sofreu bastante e enfrentou a dor na sala de aula, ao lado de outras crianças.

“Foi terrível, mas também vieram boas conquistas depois. Já quase com 40 anos e dois filhos crescidos, ela recebeu a notícia de que teria mais um filho. Nem estava esperando. Todos ficaram muito felizes. Quando soube até achei que ela estava brincando. Hoje o menino está com um ano”, disse Izael.

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