Professora relata pânico e diz ter empurrado porta para proteger crianças durante ataque em escola no RS

Publicado em 08/07/2025, às 16h22
Reprodução / Google Street View - Escola Maria Nascimento Giacomazzi, no centro de Estação, no Rio Grande do Sul, onde o ataque ocorreu
Reprodução / Google Street View - Escola Maria Nascimento Giacomazzi, no centro de Estação, no Rio Grande do Sul, onde o ataque ocorreu

Por Fábio Eberhardt / Folhapress

Professores e vizinhos relataramm pânico após a morte de uma criança, na manhã desta terça-feira (8), no ataque a uma escola municipal em Estação, cidade da região norte do Rio Grande do Sul. O ato foi cometido por um adolescente de 16 anos com um facão. Outras duas crianças ficaram feridas.

O autor do ataque foi contido e apreendido, segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública).

Uma professora do maternal, que pediu o anonimato, falou sobre o momento em que agiu para proteger as crianças.

Ela contou que, no momento do ataque, estava em uma sala de aula com crianças, uma mãe e outros adultos. Eles começaram a ouvir gritos e alguém pediu para que não abrissem a porta. Então, para proteger as pessoas na sala, empurraram a porta.

A aposentada Ercinda Dala Corte, que mora em frente à escola, disse que agiu rapidamente ao perceber a movimentação. Ela abriu o próprio portão de casa para os estudantes.

"Eu estava no pátio, comendo laranja, quando comecei a ouvir barulhos e gritarias e fui até a frente para ver o que estava acontecendo", conta. "Nesse momento vi muitas crianças e professores saindo correndo, então abri o portão e pedi para eles entrarem. Foi a forma que encontrei para protegê-los, para não acontecer algo pior".

O ataque ocorreu por volta das 10h e atingiu alunos de uma turma do terceiro ano do ensino fundamental da Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi, no centro da cidade. Cerca de 150 alunos estavam no local no momento.

A criança que morreu é Vitor André Kungel Gambirazi, de 9 anos. As outras duas crianças feridas são duas meninas de 8 anos. Todos os feridos foram levados a hospitais da região.

A Brigada Militar disse à Folha de S.Paulo que o adolescente chegou por volta das 10h na escola com uma mochila e de bicicleta, que deixou na rua. Ele entrou com tranquilidade na escola, deixou um currículo na secretaria e pediu para ir ao banheiro. Em seguida, ele começou o ataque em uma sala com crianças do terceiro ano do ensino fundamental, usando dois facões e rojões.

O prefeito Geverson Zimmermann (PSDB) esteve na escola e lamentou o ocorrido. Emocionado, disse que a cidade, de cerca de 6.000 habitantes, nunca havia enfrentado algo semelhante.

"Está todo mundo aqui tentando entender o que aconteceu. É algo totalmente diferente, graças a Deus nós nunca tivemos algo assim aqui, mas hoje vamos ter que encarar", afirmou.

"Infelizmente não é algo que aconteceu só no município. Dizem que pode ter influência de joguinhos de internet, não sabemos ainda, mas de qualquer forma não podemos deixar que isso ocorra. Não é brincadeira, é coisa séria."

De acordo com a SSP, o autor do ataque é paciente psiquiátrico. Segundo o delegado Jorge Pierezan, responsável pela investigação, a hipótese é que o adolescente, autor do ataque, agiu sozinho. Ele não possui antecedentes criminais.

"Até o momento, o que podemos dizer é que o jovem atuou sozinho na ação. Fizemos buscas na casa dele, mas por enquanto não temos mais informações", disse. A polícia ainda apura se o ato foi premeditado.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), se manifestou sobre o caso em uma rede social. "O que aconteceu não pode ser naturalizado, relativizado ou esquecido. Quero expressar minha solidariedade mais profunda às famílias atingidas, aos professores, alunos e profissionais da escola, e a cada morador da cidade", escreveu ele.

Leite também afirmou que as forças de segurança devem atuar "com prioridade total na apuração do caso". Acrescentou ter determinado que a Secretaria da Saúde atue no apoio à comunidade escolar.

"Também vamos reforçar, junto à Secretaria da Educação e às prefeituras, as estratégias de proteção e cuidado em todas as escolas do Estado", continuou ele.

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