Interior

Professoras são indiciadas após criança levar 19 mordidas em creche de Coruripe

TNH1 com Ascom PC-AL | 18/04/24 - 16h42
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A Polícia Civil de Alagoas concluiu, nesta quinta-feira, 18, o inquérito que investigou a agressão contra uma criança de apenas dois anos, mordida 19 vezes por outra criança aluna de uma creche no município de Coruripe, no fim de fevereiro deste ano. Duas professoras foram indiciadas por omissão de dever de cuidado e lesão corporal.

O delegado Alexandre César, titular da Delegacia do 89º Distrito Policial de Coruripe, destacou que o caso foi apurado dentro das instalações da Escola Maria Zenaide. As agressões foram confirmadas por meio de exames de corpo de delito, que evidenciaram as 19 mordidas espalhadas pelo corpo da criança, que "não apenas deixaram marcas físicas, mas também geraram um trauma emocional na vítima, resultando em um abalo psicológico".

Diante da investigação, a polícia constatou a omissão do dever de cuidado por parte das professoras que estavam com a responsabilidade de garantir a segurança e proteção dos alunos. O delegado alegou que baseou-se não apenas em evidências materiais, mas também em depoimentos, especialmente o da mãe da vítima.

O caso - Uma mãe denunciou nas redes sociais que encontrou o filho com 19 marcas de mordidas na escola pública de Coruripe, no dia 29 de fevereiro de 2024. Débora Gomes é mãe do pequeno João Miguel, de apenas dois anos. O menino foi deixado na Escola Infantil Professora Maria Zenaide Rocha Santos, da Rede Municipal de Ensino, para mais um dia de socialização e alfabetização, mas pouco depois a mãe foi surpreendida com um chamado para comparecer à unidade educacional, onde encontrou o filho com diversos hematomas.

"Eu não tenho nem palavras para descrever o que eu senti, e ainda estou sentindo. Nunca pensei que isso iria acontecer, deixar meu filho na escola e quando buscar ele estar desse jeito, não vou deixar isso impune", escreveu a mãe à época ao compartilhar fotos do menino com marcas de mordidas nas costas, pernas e até na testa.

"Às 14:26 de ontem recebi uma ligação da diretora da escola pedindo que eu comparecesse lá. Chegando na escola, fui recebida por uma professora e já fui perguntando o que tinha acontecido com meu filho, ela falou que estava tudo bem, não tinha sido nada demais, chamou a diretora e levaram eu e meu esposo para uma salinha. Assim que vi meu filho reparei nas marcas da perna dele, e perguntei o que tinha acontecido, foi quando a auxiliar da sala disse que era sobre isso que queria conversar", detalhou a mãe já em entrevista à reportagem do TNH1.

O menino teria sido mordido por outra criança e os responsáveis pela turma só perceberam quando ele chorou. "A auxiliar de sala falou que estava com ele e outro coleguinha na perna [sentados no colo dela], quando outra criança começou a chorar ela colocou ele no chão e depois que voltou ele estava naquela situação. Mas depois falou que não tinha visto nada porque ele estava embaixo da mesa com outro coleguinha e só perceberam quando ele chorou", diz a mãe sobre o relato que recebeu na escola infantil.

Na ocasião, o TNH1 entrou em contato com a Prefeitura de Coruripe e foi informado de que os pais da criança mordida seriam recebidos no 1º dia de março, na sede da Secretaria Municipal de Educação (Semed), com todo o apoio necessário à recuperação do menino. O Município também ficou de abrir um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar as responsabilidades.

A Escola Infantil Professora Maria Zenaide Rocha Santos atende 354 crianças de 1 a 5 anos nos turnos matutino e vespertino. A unidade foi reformada recentemente e ganhou câmeras de monitoramento em alguns pontos.