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Protestos no Peru crescem e governo decreta estado de emergência

05/04/22 - 10h12
Foto: Reprodução/Clinton Medina -La Repúblic

Desde o último fim de semana, os protestos no Peru contra o aumento dos preços de combustíveis e fertilizantes se intensificaram no país e o presidente peruano, Pedro Castillo, decretou estado de emergência no país. Em transmissão ao vivo na noite de segunda-feira (4/4) Castillo anunciou a imposição de um toque de recolher na capital, Lima, na tentativa de conter os atos.

O toque decretado vai das duas da manhã até a meia-noite desta terça-feira (5/4). “O gabinete concordou em declarar a proibição da mobilidade dos cidadãos das 2h às 23h59 de terça-feira, 5 de abril, para proteger os direitos fundamentais de todas as pessoas”, disse Castillo em discurso.

A decisão do Executivo vem depois dos distúrbios em Lima e Callao como resultado da greve dos caminhoneiros e dos protestos.

Assim como no resto do mundo, a invasão da Ucrânia pela Rússia tem causado um aumento dos preços no Peru, em especial dos combustíveis e fertilizantes. A situação gerou uma onda de protestos porque a inflação já estava alta no país.

Desde o começo das manifestações, pelo menos quatro pessoas foram mortas, segundo o governo. Na segunda, manifestantes queimaram pedágios e entraram em confronto com a polícia perto da cidade de Ica, no sul.

Pedro Castillo foi eleito presidente em julho de 2021 pelo partido de esquerda Peru Livre. Ele alcançou proeminência nacional na greve dos professores de 2017. Nas eleições do ano passado, venceu a direitista Keiko Fujimori.

Em seus oito meses no cargo, Castillo sobreviveu a duas tentativas de impeachment, em dezembro de 2021 e em março de 2022. Opositores o acusam de falta de rumo e de permitir suposta corrupção, além de constantes crises ministeriais.

Jogo da Libertadores suspenso - A situação política deve respingar no esporte. O Flamengo já está no Peru para fazer a sua estreia na Libertadores, marcada para esta terça-feira (5/3), contra o Sporting Cristal, mas o jogo teria sido suspenso.

O time rubro-negro chegou a treinar no centro de treinamento da Federação Peruana. Não há informações sobre a situação dos jogadores brasileiros na cidade. Também não se sabe se terão permissão de retornar ao Brasil dentro do toque de recolher, caso a decisão de remarcar o jogo pelo governo do Peru não seja revista, ou se será necessário que esperem no hotel.

A confirmação do cancelamento do jogo foi dada na madrugada desta terça pelo ministro da Justiça do Peru, Félix Chero, em entrevista à Rádio Exitosa Notícias. “Vai ter que ser remarcado. Não esquecemos que em medidas excepcionais há ações extraordinárias que devem ser adotadas. Um jogo de futebol não pode ter precedência sobre a tranquilidade no país”, confirmou o ministro, apesar de a Conmebol ainda não ter se manifestado oficialmente sobre o destino da partida de estreia do rubro-negro nesta terça em solo peruano.

O toque de recolher pode ser prorrogado e estendido para outras cidades do Peru, ainda segundo o ministro em declaração à Rádio, devido às expectativas de grandes protestos da população. Ele defendeu que a medida é constitucional e ressaltou acreditar que o Congresso peruano não esteja pensando em derrubar o decreto.