Brasil

Quase 10 mil deixam casas em 24 horas por causa das chuvas em Minas

Folhapress | 14/01/22 - 10h51
Vista aérea da barragem do Carioca, na cidade de Pará de Minas, no interior de Minas Gerais. A barragem tem 99% de chance de estourar e deixar algumas cidades na região alagadas | Eduardo Anizelli / Folhapress

Apenas nas últimas 24 horas -entre esta quinta (13) e sexta-feira (14)- 9.740 pessoas precisaram deixar suas casas em razão das chuvas que atingem Minas Gerais. Vinte e cinco pessoas morreram até agora, sem contar as dez que perderam suas vidas depois que uma rocha caiu de um paredão em um cânion em Capitólio.

Também subiu para 376 o número de cidades em situação de emergência devido aos temporais nas últimas semanas. O número corresponde a 44% de todo o Estado, que possui 853 municípios.

Segundo a Defesa Civil, 9.323 pessoas ficaram desalojadas nas últimas 24 horas. Agora, 35.815 pessoas precisaram sair de suas casas, mas não tiveram a residência destruída e estão abrigadas com a ajuda de parentes ou amigos.

O órgão estadual informa ainda que 417 pessoas ficaram desabrigadas no último dia -totalizando 4.464 que precisam de assistência do governo para moradia temporária em abrigos.

Desde outubro do ano passado -quando teve início o período chuvoso-, a Defesa Civil contabiliza 25 mortos em razão das enchentes em 18 cidades:

  • Uberaba - 1 morto
  • Coronel Fabriciano - 1 morto
  • Nova Serrana - 1 morto
  • Engenheiro Caldas - 1 morto
  • Pescador - 1 morto
  • Montes Claros - 1 morto
  • Betim - 1 morto
  • Belo Horizonte - 1 morto
  • Dores de Guanhães - 2 mortos
  • São Gonçalo do Rio Abaixo - 1 morto
  • Ervália - 1 morto
  • Caratinga - 2 mortos
  • Brumadinho - 5 mortos
  • Ouro Preto - 1 morto
  • Perdigão - 2 mortos
  • Santana do Riacho - 1 morto
  • Contagem - 1 morto
  • Claro dos Poções - 1 morto

Os óbitos "decorrentes do acidente em Capitólio não são computados no balanço do período chuvoso até o encerramento das investigações", afirma a Defesa Civil.

AJUDA HUMANITÁRIA - Na lista de 376 cidades em situação de emergência figuram a capital, Belo Horizonte, Nova Lima, Betem, Montes Claros, Governador Valadares, Caratinga, Teófilo Otoni e Pará de Minas -que lançou até mesmo um alerta pedindo a moradores para deixarem as suas casas devido ao risco de rompimento de uma barragem-, dentre outras.

Até o momento, segundo o governo do Estado, mais de 36 mil itens de ajuda humanitária foram entregues aos municípios nas regiões atingidas: 11.820 cestas básicas, 4.157 colchões, 10.125 kits limpeza e 10.555 kits higiene.

ESTRAGOS - As chuvas que atingem Minas desde o fim de dezembro, deixando diversas cidades com cheias, se intensificaram no segundo fim de semana de janeiro. A força das águas resultou em mortes, moradores ilhados, pontes danificadas e barragem com risco de rompimento iminente. A previsão indica que as chuvas persistirão ao longo desta semana.

O caso mais grave aconteceu em Capitólio, no sudoeste de Minas Gerais. Lá, dez pessoas morreram e outras 30 ficaram feridas após uma rocha de um cânion desabar durante um passeio de lanchas.

Apesar de as investigações ainda estarem analisando as causas do acidente, uma das hipóteses é que as fortes chuvas tenham contribuído para a queda de parte do paredão sobre as embarcações.

CONTA DE LUZ - O governador Romeu Zema (Novo) disse que pediu à gestão de Jair Bolsonaro (PL) a suspensão da taxa extra na conta de luz para todo o Estado e que os mineiros "não podem ser penalizados" com o custo aplicado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

"Enviei ao Ministro de Minas e Energia pedido de suspensão da Bandeira vermelha de Escassez Hídrica na conta de luz em nosso Estado", afirmou o governador no Twitter. "Neste momento de recuperação econômica dos efeitos da pandemia (...) a solidariedade com os mineiros é emergencial."

Não podemos ser penalizados com o custo determinado pela Câmara de Gestão Hidroenergética e aplicado pela Aneel." Romeu Zema, em seu perfil no Twitter.

O Ministério de Minas e Energia já havia informado que a bandeira tarifária de escassez hídrica -que acrescenta R$ 14,20 às contas de luz a cada 100 kWh consumidos- deve seguir em vigor até o fim de abril, mesmo após as fortes chuvas registradas nas últimas semanas e o consequente aumento no nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas.