O deputado federal e pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) desqualificou o documento secreto de 1974 liberado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e tornado público nesta quinta-feira (10), em que o chefe da CIA afirma que o ex-presidente Ernesto Geisel (1974-1979) aprovou a continuidade de uma política de "execuções sumárias" de adversários da ditadura militar.
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"Errar, até na sua casa, todo mundo erra. Quem nunca deu um tapa no bumbum do filho e depois se arrependeu? Acontece", disse Bolsonaro, em entrevista à Rádio Super Notícia, em Belo Horizonte, nesta sexta-feira (11). O deputado minimizou o relato do diretor da CIA, dizendo que o agente teria interpretado de forma errada uma conversa de Geisel.
"Quantas vezes você não falou no canto: tem que matar mesmo, tem que bater mesmo, tem que dar canelada, tem que dar uma de Junior Baiano e entrar com os dois pés no pescoço do adversário. Você já falou isso. Talvez o cara tenha ouvido uma conversa como essa, feito o relatório e mandou", afirmou.
Bolsonaro disse também que o documento foi uma forma de prejudicá-lo, uma vez que ocupa o segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto. "Tem que cortar na carne porque um capitão está para chegar lá".
Ele citou um editorial O Globo em que o jornal dizia ter participado da "revolução de 1964" e criticou o jornal por não denunciar as execuções cometidas da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária).
"O Globo não falou que a mesma VPR, em 1970, que tinha como líderes Carlos Lamarca e Dilma Rousseff, executaram em cativeiro nas matas do Vale do Ribeira o tenente Alberto Mendes Junior, de 23 anos de idade, da força pública. Era o espírito daquela época. Quando pegava um agente, arrebentava", disse.
O deputado também questionou onde estariam os 104 executados citados pelo documento e afirmou que pode até responder questionamentos sobre mortos e desaparecidos durante a ditadura, mas que "se os caras estivessem vivos, por um motivo qualquer hoje estariam presos acompanhando o Lula em Curitiba".
Bolsonaro elogiou ainda a ação dos militares na Guerrilha do Araguaia.
"Se tivéssemos agido como a Colômbia, com humanismo, teríamos uma Farc no coração do Brasil e graças aos militares não temos", declarou. Ele negou, porém, que esteja disposto a retomar o mesmo sistema no país. "O momento era outro: o agente botava pra quebrar ou o Brasil estava perdido" disse.
Durante a entrevista, Bolsonaro afirmou que o documento não teria sido divulgado pela imprensa. Diferentemente do informado, a Folha de S.Paulo disponibilizou o acesso ao relatório.
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