Resgate a corpos na mata após operação dura mais de 12 horas: ‘Tinha gente amarrada com tiro na testa’

Publicado em 29/10/2025, às 11h38
Agência Enquadrar/Folhapress
Agência Enquadrar/Folhapress

Por Extra Online

Uma operação policial nos complexos do Alemão e da Penha resultou em mais de 60 mortes, levando moradores a resgatar 72 corpos na área da Vacaria, onde já foram contabilizados 132 óbitos até o momento.

Voluntários, incluindo um motoboy que vive na região, relataram a cena chocante de corpos encontrados em condições alarmantes, com indícios de execução e violência extrema.

Os moradores protestaram contra o governador e, devido à presença policial, decidiram deixar alguns corpos em frente a uma creche para garantir a segurança do grupo durante os resgates.

Resumo gerado por IA

Após uma megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha — que, pela conta oficial, deixou mais de 60 mortos na terça-feira — moradores se mobilizaram para retirar da região de mata conhecida como Vacaria, divisa entre os dois conjuntos de favelas, corpos de quem morreu durante a ação policial. Desde as 21h, um grupo composto por voluntários e parentes dos mortos está dedicado a posicionar os corpos na chamada Praça do Inter, na Vila Cruzeiro.

Segundo a contagem dos moradores, 72 corpos já foram resgatados. Ao todo, o número de mortes é de 132.

Um dos voluntários é um motoboy, de 31 anos, todos esses vividos no Complexo da Penha. Segundo ele, a iniciativa começaria às 18h, mas, por conta de tiros ainda sendo disparados, o resgate começou cerca de três horas depois.

Ao chegar na localidade em que estavam os corpos, acessada por um descampado de areia, aquele em que, na chamada ocupação da polícia, em 2010, teve a cena de diversos suspeitos fugindo, o que o homem viu o chocou.

— Foi um filme de terror. Para onde olhava, as trilhas tinham cinco corpos (cada). O cheiro de gás lacrimogênio ainda deixava a gente incomodado. Tinham também rastros de sangue — relata o motoboy.

Os primeiros corpos, segundo ele, foram colocados numa kombi e levados para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, o mais próximo. Ainda conforme o relato do homem, que prefere não ser identificado, o grupo foi abordado por policiais, que chegaram a dizer que os levaria para a delegacia. A partir de então, a escolha foi por deixar os outros corpos em frente à Creche do Parque Proletário, na Vila Cruzeiro para a segurança do grupo.

— Encontramos um deles com uma granada na mão e outra sem pino, aparentemente. Então deixamos lá (na mata), não sabemos o que fazer. A angústia é grande, uma tristeza. Conhecia muitos de infância, mas mudaram de vida (para o crime) depois — relata. — A forma como foram encontrados é de execução: tinha gente amarrada com tiro na testa.

Durante a manhã, os moradores exibiram faixa em protesto contra o governador.

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