Rodoviários fazem assembleia e atrasam saída de ônibus em Salvador

Publicado em 25/04/2019, às 10h31
Tailane Muniz/CORREIO
Tailane Muniz/CORREIO

Por Correio 24 Horas

Os soteropolitanos acordaram com menos opções de ônibus nesta quinta-feira (25). Para realizar uma assembleia de convocação sobre reajuste salarial, os rodoviários atrasaram a saída de cerca de 600 coletivos em três garagens diferentes do consórcio Integra, sendo uma da bacia Plataforma (linha  amarela), uma da verde (OT Trans) e outra da linha azul (Salvador Norte).

Os ônibus, que costumam iniciar o trajeto às 4h, nesta quinta, só poderão sair às 8h. Na garagem da Salvador Norte (que opera na região da Orla), localizada na Avenida Santiago Compostela, com acesso pela Avenida ACM, ao menos 200 coletivos não saíram, de acordo com Itamar Feitosa, representante do Sindicato dos Rodoviários.

Segundo ele, a ação é realizada para convocar os trabalhadores para uma assembleia geral, que acontece às 9h, no ginásio do Clube dos Bancários, no Largo dos Aflitos, Centro da Cidade. A principal pauta da categoria, ainda de acordo com Itamar é um reajuste de 8%, em negociação com os empresários há cerca de dois meses.

“As rodadas de negociações terminaram, então nós vamos nos reunir para ver o que será deliberado. Até às 8h, os ônibus não saem de pelo menos três garagens, mas quero deixar claro que tem ônibus na cidade. Isso não é uma greve”, explicou.

Já as 4h30, os rodoviários se concentraram na frente da unidade da bacia azul. As outras duas garagens paradas ficam na Avenida Suburbana (Plataforma) e no bairro de Pirajá (OT Trans), juntas, somam pelo menos 400 ônibus que também ainda não estão operando esta manhã, segundo o sindicato dos rodoviários. 

Itamar também adiantou que além da reunião marcada para as 9h, haverá ainda outro encontro nesta quinta, às 15h.

Ao todo, o Consórcio Integra tem 13 garagens, sendo 3 da Salvador Norte, 4 da Plataforma e 6 da OT Trans.

Negociação

De acordo com a direção do Sindicato, depois de mais de 25 dias de campanha salarial foram esgotadas as possibilidades de negociação no calendário oficial de rodadas, sem nenhum avanço. A última negociação ocorreu nesta quarta-feira, mas a categoria e o sindicato patronal não chegaram a um consenso.

O sindicato alega que, mesmo reconhecendo a inflação do período, o patronal oferece 2,7% de reajuste salarial. Além disso, a contraproposta patronal está condicionada a aceitação pelos trabalhadores de corte de direitos, como redução de um domingo de folga e fim das horas-extras, o que para os trabalhadores é inaceitável.

Procurado, o assessor de Relações de Trabalho do Consórcio Integra, Jorge Castro, informou que foi surpreendido pela notícia de que a categoria fará assembleia nas portas das garagens nesta quinta e que as negociações ainda estão em fase incial. Segundo informações da Integra, a frota de Salvador atualmente conta com 2,4 mil ônibus e 1,3 milhão de usuários por dia.

Transtornos

Para parte população, a manhã de atraso na saída dos coletivos é certeza de transtornos, ainda que alguns ônibus estejam circulando. A reportagem percorreu alguns pontos do Subúrbio Ferroviário, onde muita gente se sentiu prejudicada.

O sufoco começou logo cedo para a vendedora Taciane Pereira, 34, que precisava levar o filho até metade do caminho da escola, no bairro de Periperi. Ela, que mora em Colinas, na parte alta da localidade, embarcou o filho em uma van que, hoje, “não tinha espaço nem para uma mosca”.

“Porque se os ônibus não passam, as pessoas pegam a van pra adiantar o lado. Meu filho, coitado, foi todo apertado, é isso porque eu implorei para deixarem ele subir, de tão cheio que estava”, relatou.

Taciane trabalha na Praça da Sé e, até as 7h30, ainda aguardava o ônibus da Avenida Suburbana. “Eu sei que é para um benefício deles [rodoviários], mas a gente fica muito prejudicado, principalmente quem mora aqui no Subúrbio”, destacou a vendedora, acrescentando que o trem também não está funcionando nesta quinta.

O trem funciona como alternativa para alguns moradores, especialmente os que trabalham no Centro, pontuou Taciane. 

Gostou? Compartilhe