Os roubos de celular no estado do Rio de Janeiro aumentaram 49,3% em agosto de 2015 quando comparado com o mesmo mês do ano passado. Somente em agosto deste ano, 1.117 celulares foram roubados, enquanto no mesmo período de 2014 foram 748 roubos, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (17) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).
De acordo com o instituto, a apreensão de drogas bateu recorde no mês de agosto, apresentando o maior número de apreensões de toda a série histórica para o mês, iniciada em 1991. Foram 2.461 apreensões no estado em agosto, um aumento de 1,0% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Apesar do aumento dos roubos de celulares, o roubo de rua – soma de roubo a pedestre, roubo em coletivo e roubo de aparelho celular – apresentou uma nova redução de 16,9% em agosto de 2015 em comparação ao mesmo período de 2014. No acumulado de janeiro a agosto de 2015, foi registrado uma queda de 10,9% ou 6.981 roubos a menos que no mesmo período do ano anterior.
A secretária do Conselho Comunitário de Segurança Pública do Centro e Lapa da 5ª Área Integrada de Segurança Pública (Aisp), Maria João Gaio, disse que, mesmo com a redução dos roubos de rua, a sensação de insegurança permanece. Segundo ela, as reclamações são reincidentes, principalmente quando se trata desse tipo de delito cometido na rua. “A gente percebe que o policiamento não melhorou.
O contingente da Polícia Militar não é suficiente no morro nem no asfalto. Eles estão pegando todos os contingentes novos de policiais e mandando todos para as UPPs [Unidades de Polícia Pacificadora]. Não temos política de segurança pública, temos apenas projetos que vão custar caro ao governo.”
No acumulado de junho a agosto deste ano, 154 pessoas morreram em decorrência de intervenção policial, um aumento de 4,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. De acordo o sociólogo José Augusto Rodrigues, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), especialista em segurança pública, essas mortes são, geralmente, decorrentes de ações improvisadas e não bem planejadas da polícia.
“Eu acho que isso ocorre em decorrência do fato da polícia estar sendo obrigada a improvisar no enfrentamento a esses grupos armados. Quando a polícia chega com um mandato, fazendo uma campanha depois de um cerco bem organizado e planejado, às vezes não se chega a disparar um único tiro. Mas, quando se improvisa uma intervenção, o risco de uma bala perdida encontrar um civil inocente aumenta.”
Para ele, é preciso ampliar o contingente de policiais, além de ter uma política sistemática de acompanhamento e investigação de organização dos grupos criminosos. Ele disse que é importante inibir o armamento do crime. De junho a agosto de 2015, 2.248 armas foram apreendidas, um aumento de 3,4% em relação ao mesmo período de 2014. “Quanto mais os grupos conseguirem ter acesso a armamentos pesados, mais aumenta o risco de vítimas de bala perdida em incursões improvisadas da polícia em comunidades”.
Na terça-feira da semana passada (8), o menino Christian Andrade, de 13 anos, foi morto durante uma operação policial em Manguinhos, na zona norte do Rio. A morte causou a revolta de moradores, que fizeram um protesto para cobrar a investigação da morte pelas autoridades policiais.
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