Brasil

Sede do Porta dos Fundos é atacada com coquetéis molotov no Rio de Janeiro

Folhapress | 25/12/19 - 14h50

A sede do programa de humor Porta dos Fundos foi alvo de um atentadona madrugada dessa terça-feira (24), véspera de Natal. Por volta das 4h, dois coquetéis molotov foram atirados contra a fachada do edifício onde funciona a produtora,no Humaitá, zona sul do Rio de Janeiro. Segundo a assessoria de imprensa do grupo, um dos seguranças conseguiu controlar o princípio de incêndio e não houve feridos. O caso foi registrado como crime de explosão na delegacia de Botafogo, bairro vizinho.

A Polícia Civil disse que realizou uma perícia no local e que a equipe do Esquadrão Antibombas arrecadou fragmentos dos artefatos explosivos para análise. Informou também que diligências estão em andamento para esclarecer o caso.

O Porta dos Fundos afirmou que já disponibilizou as imagens das câmeras de segurança para as autoridades e que espera que os responsáveis sejam encontrados e punidos. "Contudo, nossa prioridade, neste momento, é a segurança de toda a equipe que trabalha conosco", ressaltou em nota.

A assessoria do programa disse ainda que condena qualquer ato de violência:"Seguiremos em frente, mais unidos, mais fortes, mais inspirados e confiantes que o país sobreviverá a essa tormenta de ódio e o amor prevalecerá junto com a liberdade de expressão".

O atentado ocorre em meio a uma polêmica com a exibição do "Especial de Natal Porta dos Fundos: a Primeira Tentação de Cristo". O filme retrata um Jesus gay (Gregorio Duvivier), que se relaciona com o jovem Orlando (Fábio Porchat), e um Deus mentiroso (Antonio Tabet) que vive um triângulo amoroso com Maria e José.

Até a última sexta (20), já havia no país ao menos sete ações na Justiça contra o serviço de streaming Netflix, onde o conteúdo está disponível, ajuizadas por lideranças de igrejas cristãs que se sentiram ofendidas com a paródia bíblica.

Todas pedem a censura do programa, e seis já foram negadas. Uma delas, que ainda não foi julgada, foi proposta por um grupo de representações e lideranças evangélicas, incluindo o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Eduardo Tuma. Junto com o Conselho Nacional dos Conselhos de Pastores do Brasil e o bispo Robson Rodovalho, Tuma requer uma indenização de R$ 1 milhão por dano moral coletivo e indenizações individuais em valor "não inferior a R$ 1.000" a todos os cristãos que se sentirem lesados.

O advogado que protocolou a ação, Ricardo Hasson Sayeg, diz que não considera que o pedido de retirada do programa do ar configura censura. "A gente entende que [o programa] foi além do direito de manifestação artística", afirma.