'Senti que tinha que fazer alguma coisa', diz homem que conteve assassino em colégio de Cambé

Publicado em 20/06/2023, às 12h08
Reprodução/RPC
Reprodução/RPC

Por g1

O prestador de serviços Joel de Oliveira, 62 anos, foi o responsável por conter o assassino de 21 anos que matou Karoline Verri Alves, 17 anos, e Luan Augusto, de 16 anos, estudantes do Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, norte do estado.

Ele contou que trabalhava ao lado da escola quando ouviu os disparos e pessoas correndo. Quando entrou na escola, Joel disse que ficou cara a cara com o assassino. O assassino, um ex-aluno da instituição, está preso. Leia o que se sabe abaixo.

"Eu escutei os tiros e me dirigi até o colégio. Chegando aqui no portão do Kolody, eu ouvi o tiro lá dentro, eu entrei ali e vi o que podia fazer pra salvar as crianças, porque tava todo mundo correndo, aí senti que tinha que fazer alguma coisa", contou.

Karoline morreu no colégio, logo após o suspeito invadir o local e fazer os disparos. Ela foi atingida com um tiro na cabeça. Luan, namorado de Karoline, também foi atingido na cabeça. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado para o hospital, mas não resistiu e morreu na madrugada desta terça-feira (20).

Joel disse que era policial - De acordo com Joel, não havia ninguém no portão da escola, apenas estudantes correndo para fora, tentando escapar.

Ao entrar na escola, ele disse que avistou o assassino atirando contra uma vidraça. Os dois se encontraram no corredor. Segundo Joel, ele se apresentou ao assassino como policial. "Falei: 'sou policial, para'. Aí consegui dominar ele lá, deitei ele no chão e segurei até a polícia chegar. Não tive medo, na hora eu vim tentar salvar mais crianças", disse.

Joel relatou, ainda, que estava com o celular na mão e acha que o criminoso pensou que fosse uma arma.

'Guiado por Deus' - Joel contou que sentiu ser guiado por Deus, porque entrou na direção correta, onde estava o assassino.

Funcionárias da escola agradeceram seu Joel pelo ato. "Elas falaram que fui guiado por Deus, me agradeceram muito, porque a tragédia podia ser maior, né? O rapaz estava com muita munição e podia, em qualquer momento, atirar em todo mundo ali. Disseram que fui muito corajoso, que Deus guiou", contou.

Após os disparos, a Polícia Militar (PM-PR) foi acionada e chegou ao local poucos minutos depois. Segundo a PM, foram apreendidos com o assassino uma machadinha, carregadores de revólver e a arma usada no crime.

Assassino disse que não conhecia vítimas, segundo secretário - O secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira, disse que o assassino não conhecia as vítimas. O assassino é investigado por homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo.

Segundo o secretário, o rapaz atirou no corredor do colégio e foi até o local em que as vítimas participavam de uma aula de Educação Física.

A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) informou que, além da arma, apreendeu com o assassino um caderno com anotações sobre ataques em escolas, incluindo o ataque em Suzano, em São Paulo.

A secretaria ainda informou que, em contato com a família do assassino, foi informada de que ele é esquizofrênico e que faz tratamento para a doença.

Suspeitos de participação no crime - Ainda na segunda-feira, após a tragédia, um homem de 21 anos foi preso e um adolescente, de 13 anos, foi apreendido.

Os dois são suspeitos de ajudar a planejar o ataque, segundo o secretário Hudson Teixeira.

Aulas suspensas - Em Cambé, as aulas na rede municipal e estadual estão suspensas por tempo indeterminado.

Repercussão - O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), decretou luto de três dias no estado e lamentou o caso.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também lamentou o ataque. "É urgente construirmos juntos um caminho para a paz nas escolas. Meus sentimentos e preces para a família e comunidade escolar."

O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que o Brasil vive "a apologia à violência na palma das mãos dos jovens".

A Prefeitura de Cambé divulgou uma nota oficial na qual manifestou solidariedade e se colocando à disposição dos pais dos alunos.

"Neste momento de imensa dor, nossos corações estão com as famílias das vítimas, que estão enfrentando uma perda irreparável. Oferecemos nosso mais sincero apoio e solidariedade, colocando à disposição todos os recursos e suporte necessários para auxiliá-las neste momento tão difícil."

Gostou? Compartilhe