Você provavelmente já presenciou esta cena: dois cachorros se encontrando e logo partindo para uma conferência olfativa no traseiro um do outro. Por mais estranho que isso pareça aos olhos humanos, essa prática é uma forma altamente eficaz de comunicação no universo canino — quase como um aperto de mãos entre humanos.
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O ato faz parte de uma espécie de ritual social entre cães. Esse comportamento não é exclusivo de machos nem de fêmeas, e vai muito além da curiosidade: trata-se de um mecanismo evolutivo para reconhecimento e socialização.
O que os cães descobrem ao cheirar o traseiro de outro?
A explicação está no olfato canino, que é extraordinariamente desenvolvido. Pesquisadores estimam que os cães conseguem detectar odores entre 10 mil e 100 mil vezes melhor que os humanos, o que transforma cada cheiro em uma verdadeira fonte de dados.
Ao cheirar o traseiro de outro cão, eles acessam uma espécie de "currículo sensorial" daquele animal: o que ele come, seu estado emocional, idade, sexo, saúde e até posição hierárquica no grupo.
Essa leitura de informações acontece graças a uma estrutura chamada glândula adanal, localizada ao redor do ânus. Ela produz um líquido com odor único, como se fosse uma impressão digital olfativa. É esse cheiro que os cães identificam e decodificam — com a ajuda do órgão vomeronasal, também conhecido como órgão de Jacobson.
Localizado no septo nasal, ele é especializado em detectar feromônios e outras substâncias químicas, funcionando como um canal direto de comunicação com o cérebro.
Outras espécies também se cheiram?
Sim. Esse comportamento não é exclusivo dos cães. Gatos, por exemplo, também possuem glândulas anais e se cheiram mutuamente como forma de reconhecimento. Entre felinos, esse hábito é especialmente importante na socialização, principalmente em ambientes com mais de um gato.
No mundo selvagem, alguns mamíferos também adotam o comportamento. Antílopes-negros, por exemplo, usam o cheiro das fezes como forma de atrair parceiros — o odor das excreções do macho atua como afrodisíaco para as fêmeas da espécie.
Deixe o seu cão ser... cão
Muitos tutores ficam constrangidos quando presenciam essa cena em praças, parques ou encontros com outros cães. Mas o ideal é que esse tipo de abordagem não seja reprimido — a menos que envolva sinais de estresse, desconforto ou agressividade.
Para os cães, cheirar o traseiro do outro é um comportamento instintivo e absolutamente natural, uma forma de se apresentar e compreender o outro.
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