por Pedro Acioli*
Publicado em 26/12/2025, às 11h01
Alan Cavalcante do Nascimento, empresário alagoano suspeito de liderar uma organização criminosa no setor de mineração, está cumprindo pena em liberdade após decisão do STF, que substituiu sua prisão preventiva por medidas cautelares.
As investigações revelam que o esquema movimentou cerca de R$1,5 bilhão, com Cavalcante recebendo mais de R$225 milhões entre 2019 e 2024, enquanto apenas R$27 milhões foram bloqueados em contas dos suspeitos.
Entre as medidas cautelares impostas, Alan deve usar tornozeleira eletrônica e está proibido de se ausentar do estado, além de ter restrições de aproximação de juízes envolvidos em casos relacionados ao esquema de corrupção.
O empresário alagoano Alan Cavalcante do Nascimento, suspeito de chefiar uma organização criminosa com esquemas de corrupção no setor de mineração, está cumprindo a pena em liberdade após o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, substituir a prisão preventiva por uma série de medidas cautelares.
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O esquema supostamente liderado por Alan teria movimentado cerca de R$1,5 bilhão e as investigações apontam que somente o alagoano, por exemplo, teria recebido mais de R$225 milhões de empresas envolvidas no esquema entre dezembro de 2019 e dezembro de 2024.
De acordo com Toffoli, o conjunto de medida cautelares determinados por ele são “suficientes para assegurar a aplicação da lei penal, a preservação da ordem pública e econômica, bem como a conveniência da instrução criminal”.
Além de Cavalcante, também foram beneficiados com a medida o ex-diretor da Polícia Federal, Rodrigo de Melo Teixeira, e o ex-deputado estadual mineiro, João Alberto Paixão Lages, e Helder Adriano de Freitas, apontado como articulador do esquema.
Medidas cautelares
Alan terá que utilizar e ser monitorado por tornozeleira eletrônica, entregar o passaporte, ficar recolhido durante a noite e também está proibido de se ausentar do país e do estado onde reside.
As investigações também apontam que o empresário comprou imóveis em prédios e condomínios onde moravam juízes responsáveis por julgar casos de corrupção que ele estava envolvido.
Com isso, Toffoli também determinou a proibição de aproximação, em raio de 200 metros, do imóvel localizado em condomínio onde reside magistrada federal envolvida em processos conexos a ele.
Quem é Alan Cavalcante?
Alan tem uma mansão de três andares localizada em um condomínio de luxo no município de Marechal Deodoro, na Região Metropolitana de Maceió, capital de Alagoas. Ele é conhecido por promover três semanas de festa, com direito a pool party e passeios de catamarã.
Uma das festas mais famosas que gosta de promover é a de Réveillon, quando cerca de quinhentos convidados costumam assistir a shows ao vivo, no ano de 2023 foi do cantor de Raí Saia Rodada, cujo cachê pode chegar a 400 mil reais por apresentação.
Até o ano de 2010, Cavalcante nunca havia trabalhado na área de mineração. Ele era envolvido com corridas de motocross e comemorações no modesto quintal da casa em que vivia, em Arapiraca, no agreste alagoano. Ele também já trabalhou como professor de matemática na cidade de Teotônio Vilela e na área de telecomunicações em Arapiraca.
No ano de 2023, ele chamou atenção dos holofotes após participar do Leilão promovido pelo jogador Neymar Jr. Na ocasião, ele comprou um blazer e um cordão de diamantes utilizados pelo craque do Santos pelo valor de R$1.2 milhão, o maior lote do evento.
Valores sumiram
Após a Justiça determinar o bloqueio das contas do investigado, a conta de Alan foi encontrada com apenas R$20 mil, valor bastante inferior aos R$ 225 milhões supostamente recebidos por ele.
Ao todo, a Justiça pediu o bloqueio de R$1,5 bilhão dos envolvidos, porém apenas cerca de 1,8% foram encontrados nas contas dos suspeitos, equivalente a R$27 milhões.
O valor R$1,5 bi seria relacionado ao lucro que a organização teve com as práticas criminosas. No entanto, durante as investigações foram identificados projetos em andamento vinculados ao grupo com potencial econômico superior a R$18 bilhões.
Como funcionava o esquema?
De acordo com as investigações, o grupo teria corrompido servidores públicos em diversos órgãos estaduais e federais de fiscalização e controle na área ambiental e de mineração, com a finalidade de obter autorizações e licenças ambientais fraudulentas.
Essas autorizações eram utilizadas para usurpar e explorar irregularmente minério de ferro em larga escala, incluindo locais tombados e próximos a áreas de preservação, com graves consequências ambientais e elevado risco de desastres sociais e humanos, segundo aponta a PF.
A organização criminosa teria atuado para neutralizar a ação do Estado, dificultando as investigações e monitorando autoridades. Além disso, utilizou diversas maneiras para lavar o dinheiro obtido com as práticas ilícitas.
*Com G1
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