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Nide Lins

Tacacá, felicidade brasileira

Em 26 de Abril de 2019 às 09:57

Por Redação

“Antes ou depois da chuva?” Esta pergunta é própria de Belém do Pará, porque tem sempre uma chuva passageira ao fim do dia. Contudo em Maceió, onde o sol predomina, o certo, então, é afirmar: depois das 17horas, no fim da tarde,  é tempo de tomar tacacá no Empório Grão Pará, no coração da Jatíuca,de frente para o Divina Gula.

Mas o que é tacacá? É a felicidade, é o coração paraense, que também é meu, seu e nosso! Eu declaro que sou apaixonada pela culinária do Norte, a mais brasileira de todas, com tradições como açaí com farinha de tapioca, peixe filhote, unha de caranguejo, maniçoba…

Tacacá, uma uma tradição indígena é servido quente numa cuia (cabaça), camarão, jambu, tucupi e goma de mandioca

Para deleitar-se nas tradições do Empório Belém Pará, inicie a degustação pelo tatacá, uma tradição indígena. É um caldo preparado com a goma da mandioca, tucupi (sumo da mandioca braba), alho, sal, pimenta, jambu (erva que adormece a boca) e camarões defumados. Tudo isso faz do tacacá de sabor único, uma acidez suave, marcante e autêntica brasileira, herdada dos índios, ou seja, há  mais de 500 era ao que fazia a festa da aldeia. É servido quente numa cuia (cabaça), e apenas com o auxilio de um garfinho de madeira para enrolar o jambu, mastigar e sentir o céu da boca adormecer. E note que, principalmente os nortistas, já pedem o tacacá e saem feliz da vida, como se fosse o retorno ao doce lar.

A culinária de Belém do Pará é rica de tradições, siga as minhas dicas:

Para gente coxinha para a cozinha paraense é unha de caranguejo, a melhor do mundo

Unha de caranguejo – Quando olhei pro balcão, disse: quero a coxinha de caranguejo, porque visualmente é o formato de coxinha, mas a tradição é batizada de Unha de Caranguejo porque fica com a pontinha aparecendo por fora do recheio. Divinamente saborosa. A carne é temperada no alho, pimentas de cheiro e do reino, chicória e sal. Depois, é envolvida na massa de farinha de trigo. Impossível comer apenas uma.

Maravilhosa: Casquinha de caranguejo não leva coco e vem coroada com farofa

Mais caranguejo – A casquinha de caranguejo é poderosa, a carne tem o mesmo tempero da unha, e o arremate final é a farofa por cima. Ela é preparada em fogo baixo com a farinha surui (cor amarela), manteiga, alho, sal e cebola. É tão maravilhosa, que deu vontade de comer a farofa de “tuia”.

Açaí 100% puro, e a tradição é comer com farinha e açúcar

Tradição – Quando for provar o açaí do Belém do Pará, esqueça como se come aqui, misturado com frutas, leite condensado, farinha láctea, leite Ninho, e por aí vai. A tradição é saborear a polpa da fruta pura, adicionar açúcar, e farinha de mandioca (rústica ou de tapioca). É uma maravilha, claro que, quem está acostumado a adicionar doçuras no açaí, vai estranhar.

Taça da Feleicidade: Pudim com creme e doce de cupuaçú

Taça da felicidade – É o nome da sobremesa clássica das famílias de Belém do Pará, é um mini pudim de leite com frutas da época, doce e creme de cupuaçu. Eu, como não curto pudim (acreditem), digo que o cupuaçu salvou a iguaria.

Chef Shezu Lee  sua cunhada Cláudia Pinheiro trouxeram para Maceió a cozinha mais brasileira de Belém do Pará

Elas – Como o tucupi veio parar em Maceió? Graças aos paraenses, em especial às mulheres, a chef Shezu Lee  sua cunhada Cláudia Pinheiro, os maridos de ambas vieram trabalhar no Polo e, claro, a saudade da comida de Belém do Pará era imensa.  Como em Maceió não tem principalmente os ingredientes da culinária do Norte, em especial o tucupi (caldo extraído da mandioca braba), em nome da felicidade a família abriu o restaurante. E trazem de Belém todos ingredientes. Ao mês, chegam por aqui 300 litros de tucupi.

Detalhe do restaurante é uma embaixada de Belém do Pará

Cláudia Pinheiro é do administrativo, das compras, do estoque, responsável em não faltar nenhum ingrediente. Já a Shezu Lee é a nossa chef, quem manda bem nas tradições, formada em gastronomia, filha de mãe paraense e pai coreano, sempre gostou de espiar a vó Celina na cozinha, mas a ela não era permitido mexer em nada. Só restava contemplar e sentir os aromas do tucupi, beiju, dos peixes frescos do Rio Amazonas.

Bolinho de piracuí, uma das maravilhas da cozinha paraense

Inspirada na culinária paraense, aprendeu a fazer doces pelo Youtube e já adiciona as frutas da região, como o cupuaçu. Primeiro fez ovos de páscoa para família, depois anunciou e vendeu tudo. Apaixonou-se pela confeitaria que, por sinal, faz muito bem, mas o mais legal é que a cozinha mais brasileira, como o tacacá,  herança dos índios da Amazônia, é bem-vinda na terra dos caetés.

Rota Empório Grão Pará

Preços: R$10,00 até 110,00 (caldeirada de peixe filhote) para três pessoas/ Tacacá: R$15,00/ Aceita-se cartões

Funciona de terça a quinta a partir das 17h/ sexta, sábado e domingo das 11h30 as 15h/ 117h as 22h

Av. Eng. Paulo Brandão Nogueira, 331 – Jatiúca (de frente para o Divina Gula) – Telefone 3313.7889

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