Técnico de enfermagem é demitido após cair no golpe do falso médico; entenda

Publicado em 23/12/2025, às 07h37
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Por G1

Um técnico de enfermagem foi demitido de um hospital em Santos após enviar informações confidenciais a um golpista que se passou por médico, violando normas de proteção de dados e segurança da informação.

O funcionário, que não estava familiarizado com tarefas administrativas, foi enganado pelo golpista que utilizou um ramal do hospital e possuía informações detalhadas sobre pacientes, levando à sua demissão por justa causa.

Sidnei Alves Monteiro registrou um boletim de ocorrência e planeja processar o hospital, alegando que sua carreira de 18 anos foi prejudicada e que enfrenta dificuldades para encontrar novo emprego, especialmente durante o período natalino.

Resumo gerado por IA

Um técnico de enfermagem e instrumentador cirúrgico foi demitido de um hospital em Santos, no litoral de São Paulo, após cair no golpe do falso médico. As imagens mostram o momento em que Sidnei Alves Monteiro, de 47 anos, enviou a lista de ramais telefônicos e alguns prontuários para um homem que fingia ser um profissional da unidade de saúde.


O Hospital Beneficência Portuguesa informou que o funcionário foi desligado após descumprir as normas internas, principalmente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e as diretrizes institucionais de segurança da informação e do paciente (confira o posicionamento completo mais abaixo).

Sidnei contou que o golpista entrou em contato por meio do ramal telefônico que os funcionários usam para se comunicar. O suspeito se apresentou com o nome real de um dos médicos do centro cirúrgico e tinha os nomes completos dos pacientes que estavam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

O técnico afirmou que não estava acostumado a fazer serviços administrativos, mas não encontrou uma secretária para ajudar o suposto médico que pedia as numerações dos prontuários dos pacientes, por volta das 9h do último dia 12.

"Prestes a desligar o ramal, devido ao tempo que estava perdendo, o golpista pediu meu celular e pediu que eu fotografasse os prontuários com os números destes, e assim fiz inocentemente", disse Sidnei, destacando ter enviado apenas a capa dos documentos, onde não havia os telefones dos pacientes.

Demissão

O suposto médico tentou dar um golpe em uma das pacientes, que desconfiou do contato e acionou o hospital. Por volta das 16h do mesmo dia, o técnico foi chamado pela gerência de enfermagem porque o nome dele estava na foto do prontuário enviada pelo golpista.

"De boa-fé, eu falei o que ocorreu. Pensei que iria ajudar na investigação e não ser mandado embora por justa causa", afirmou Sidnei. "Minha carreira de 18 anos foi manchada por eu levar o golpe, eu sou o culpado pelo golpe?", questionou o profissional.

Sidnei registrou um boletim de ocorrência (BO) pela Delegacia Eletrônica e pretende entrar com um processo contra o hospital.
"Me sinto triste e abalado, pois sou PCD [Pessoa Com Deficiência], tenho visão monocular [condição de enxergar com apenas um olho] e negro. Tenho ciência de que será difícil um novo emprego, sou pai de família e em pleno Natal fiquei desempregado", lamentou Sidnei.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o caso foi registrado como estelionato e encaminhado ao 2º Distrito Policial (DP) de Santos. A pasta acrescentou que a vítima foi orientada quanto à necessidade de representação criminal para prosseguimento das investigações.

O que diz o hospital?

"No caso em questão, o Hospital Beneficência Portuguesa está tomando todas as providências cabíveis. O técnico de enfermagem e instrumentador cirúrgico Sidnei Alves Monteiro, lotado no centro cirúrgico, foi desligado da instituição por descumprimento das normas internas, especialmente no que se refere à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e às diretrizes institucionais de segurança da informação e do paciente.


Foi constatado que além de expor dados pessoais do paciente, fotografou a tela do computador da instituição com a ficha do enfermo. E mais, o ex-funcionário que atendeu inicialmente, a chamada do pretenso médico em um dos ramais da instituição, passou em seguida a usar seu próprio aparelho celular para manter contato com o suposto profissional.

Mais ainda, passou informações sobre um adoentado em setor distinto do qual atuava.
Ou seja, extrapolou de suas atribuições funcionais em prejuízo do paciente e em desacordo com as normas éticas e técnicas do hospital. É do conhecimento de todos os colaboradores da instituição que qualquer informação sobre pacientes só é fornecida com sua devida autorização formal e pelo médico responsável.

A instituição esclarece que foram realizados todos os procedimentos legais para apuração dos fatos, observado, inclusive, o pleno direito do ex-funcionário de prestar esclarecimentos sem nenhuma acusação, apenas a título de elucidação com relação à denúncia apresentada pelo paciente".

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