Os veículos submersíveis, controlados remotamente por uma equipe a bordo de um navio especializado, passaram mais de 200 horas examinando o comprimento e a largura dos destroços. Eles tiraram mais de 700 mil imagens de todos os ângulos, criando uma reconstrução 3D exata.
Gerhard Seiffert, da Magellan, que liderou o planejamento da expedição, diz que foi o maior projeto de escaneamento subaquático que ele já empreendeu.
"A profundidade dele, quase 4 mil metros, representa um desafio, e também há correntes no local — e não podemos tocar em nada para não danificar os destroços", explica.
"E o outro desafio é que precisamos mapear cada centímetro quadrado - mesmo as partes desinteressantes, como no campo de destroços, precisamos mapear a lama, mas isso é necessário para preencher todos esses objetos interessantes."
A varredura mostra tanto a escala do navio quanto alguns detalhes minuciosos, como o número de série em uma das hélices.
Titanic revelado: a 1ª varredura digital em tamanho real do navio, cujos destroços estão a 3,8 mil metros de profundidade no Atlântico, foi criada usando mapeamento de águas profundas ???? #BBCCurtas pic.twitter.com/jXQ0CO5wLk
— BBC News Brasil (@bbcbrasil) May 19, 2023
A proa, agora coberta de estalactites de ferrugem, ainda é imediatamente reconhecível mesmo 100 anos após o naufrágio do navio. Localizado no topo está o convés do barco, onde um buraco aberto fornece um vislumbre de um vazio onde ficava a grande escadaria.
A popa, porém, é um emaranhado caótico de metal. Esta parte do navio desabou enquanto se afundava no fundo do mar.
No campo de destroços ao redor, itens estão espalhados, incluindo peças de metal ornamentadas do navio, estátuas e garrafas de champanhe fechadas. Há também pertences pessoais, incluindo dezenas de sapatos apoiados no sedimento.
Parks Stephenson, que estudou o Titanic por muitos anos, diz ter ficado "impressionado" quando viu as imagens pela primeira vez.
"Elas permitem observar os destroços como nunca pudemos ver de um veículo submersível. Pode-se vê-los em sua totalidade, em contexto e perspectiva. Trata-se do verdadeiro estado dos destroços."
Stephenson diz que estudar as varreduras poderia oferecer uma nova visão sobre o que aconteceu com o Titanic naquela fatídica noite de 1912.
"Realmente não entendemos o caráter da colisão com o iceberg. Nem sabemos se ela o atingiu a estibordo, conforme mostrado em todos os filmes — ela pode ter encalhado no iceberg", assinala.
Estudar a popa, acrescenta, pode revelar a mecânica de como o navio atingiu o fundo do mar.
O mar está cobrando seu preço do naufrágio, os micróbios estão corroendo-o e as partes estão se desintegrando. Os historiadores estão cientes de que o tempo está se esgotando para entender completamente o desastre marítimo.
Mas a varredura agora congela os destroços no tempo e permitirá que os especialistas se debrucem sobre cada pequeno detalhe. E esperam que o Titanic ainda possa revelar seus segredos.
