Por Revista Crescer
A vacinação infantil no Brasil deve ganhar um reforço importante já em 2026: uma nova vacina contra a Streptococcus pneumoniae, bactéria que pode causar doenças graves, como pneumonia, meningite e infecção generalizada.
A notícia foi anunciada pelo Diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, Éder Gatti, durante a XXVII Jornada Nacional de Imunizações da SBIm, em São Paulo (SP).
“Nós traremos, no início do ano que vem, uma nova vacina pneumocócica, e estamos em fase de tratativas [para definir os detalhes]. Mas ainda não posso adiantar para vocês qual será a valência", anunciou Gatti.
Atualmente, o SUS oferece a vacina pneumocócica 10-valente (Pncc10) para bebês e crianças menores de 5 anos. Ela protege contra 10 sorotipos diferentes da bactéria e é aplicada em três doses: aos 2 meses, 4 meses e um reforço aos 12 meses.
Essa vacina foi responsável por reduzir bastante os casos de pneumonia e meningite infantil no Brasil nos últimos anos. Mas, como acontece com muitas bactérias, a Streptococcus pneumoniae tem vários “tipos” diferentes e alguns deles acabaram ficando de fora da proteção.
Estudos recentes mostraram que alguns tipos dessa bactéria, chamados de sorotipos, conseguiram escapar da proteção da vacina usada hoje. Isso significa que, mesmo vacinadas, algumas crianças ficavam doentes, especialmente por dois sorotipos específicos: o 19A e o 3.
“Nos anos de 2023 e 2024, observamos 264 casos de doença pneumocócica invasiva em crianças de até 2 anos que tiveram oportunidade de se vacinar. Desse total, 92,3% dos casos em crianças vacinadas apenas com a Pncc10 foram provocados pelos sorotipos 19A e 3. Isso mostra que o escape vacinal está acontecendo”, explicou Gatti.
Segundo o diretor do PNI, a nova vacina que deve ser incorporada ao calendário nacional deverá ter maior cobertura contra esses sorotipos que estavam “escapando”. “Hoje precisamos de uma vacina que cubra o 19A e o 3. Pode ser a 13, a 15, a 20, não importa. O que vai definir é quem oferecer as melhores condições para o PNI”, concluiu,
Além disso, o governo decidiu adotar uma estratégia mais flexível: em vez de escolher apenas uma vacina para todo o país, o PNI poderá negociar com diferentes laboratórios e escolher, a cada momento, a fórmula que oferece melhor proteção e custo-benefício.
Isso quer dizer que, no futuro, o Brasil poderá alternar entre diferentes vacinas pneumocócicas disponíveis no mercado (como a 13-valente, a 15-valente ou a 20-valente), sempre de acordo com o cenário epidemiológico.
A expectativa é que a nova vacina já esteja disponível no calendário nacional em 2026. Até lá, as famílias devem continuar seguindo normalmente o esquema vacinal vigente.
Por que a vacina pneumocócica é tão importante?
O Streptococcus pneumoniae é uma bactéria muito comum e perigosa. Ela pode causar desde otites e sinusites até doenças mais graves em crianças, como:
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