Brasil

Veja momento do resgate de trabalhadores em fazenda no Espírito Santo

Eles serão encaminhados a uma delegacia, onde vão ser ouvidos pela polícia e por técnicos do MT

Theo Chaves | 14/05/24 - 19h04
Foto: Cortesia ao TNH1

A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Alagoas confirmou, no fim da tarde desta terça-feira (14), que o grupo de trabalhadores alagoanos mantido em condições análogas à escravidão, em uma fazenda de café, no município de Bretejuba, interior do Espírito Santo, foi resgatado pela Polícia Militar do estado capixaba. Em vídeo encaminhado à reportagem do TNH1 (veja abaixo), a cozinheira Wagna Silva, de 43 anos, que faz parte do grupo de cerca de 12 trabalhadores, mostra o momento em que eles foram colocados na carroceria de um caminhão de pequeno porte.

De acordo com o relato da trabalhadora, a polícia solicitou que o grupo fosse levado para uma delegacia antes de retornar ao estado de Alagoas. "A polícia acabou de nos notificar que teremos que ir para a delegacia. Ainda disseram que de lá vão colocar a gente e uma van, para podermos retornar para a casa. Também pediram para a gente se alimentar e, em seguida, vamos para a delegacia", disse a trabalhadora. 

Ao TNH1, o Cícero Filho, superintendente do Ministério Regional do Trabalho e Emprego de Alagoas (MTEAL), disse que os trabalhadores devem ser ouvidos pela polícia e por técnicos do Ministério do Trabalho. "Técnicos do Ministério do Trabalho estão no local para ouvir os trabalhadores. Os depoimentos deles são importantes para caracterizar ou confirmar o crime de trabalho análogo à escravidão. A polícia também deve ouvi-los e colher informações sobre tudo o que ocorreu nesses últimos 14 dias", confirmou o superintendente do MTE de Alagoas.

O caso

  •  Em um vídeo que circula nas redes sociais (veja aqui), um grupo de trabalhadores denuncia que está há 14 dias em condições de trabalho análogo à escravidão em uma fazenda de café, no interior do estado do Espírito Santo. Nas imagens, uma mulher, cercada de um grupo de homens, todos naturais de Penedo, cidade do Baixo São Francisco, faz um apelo para que sejam resgatados. O vídeo foi publicado nessa última segunda-feira. 
  • A mulher ainda relatou que o grupo acumula uma dívida de quase R$ 11 mil com o empregador, mas que sem café para colher, os trabalhadores não têm como pagar. "A gente precisa comer e a cada dia a dívida só aumenta. Comida a gente tem, mas porque ele está comprando, a dívida está quase em R$ 11 mil", diz a trabalhadora.
  • Sobre a dívida, ela segue dizendo que sem trabalhar, não tem como pagar e apela para que o grupo seja resgatado. "A gente não recebeu. Se não tem café, não temos como pagar a dívida. A gente não tem dinheiro para ir embora. Se não tem café, a gente não consegue pagar", expõe.
  • Os trabalhadores também relataram que a carga horária de trabalho na fazenda é de 9 horas diárias e nenhum dos trabalhadores alagoanos teve a carteira de trabalho assinada.
  •  No início da tarde desta terça-feira (14), a Superintendência do Trabalho e Emprego em Alagoas informou que uma operação foi preparada para resgatar os trabalhadores.