Veja o que se sabe até agora sobre morte de professora que teve corpo carbonizado

Publicado em 16/08/2023, às 09h30
Reprodução/Redes Sociais
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Por Extra

Às 5h do último dia 11, Maria Zélia recebeu o último telefonema da filha. A professora Vitória Romana Graça, de 26 anos, desapareceu na noite anterior, após sair da casa de sua mãe para encontrar sua ex-namorada, de 14 anos, e a mãe da adolescente. Até o momento de deixar a residência da família, Vitória dava aulas de reforço escolar para crianças. A ligação para o telefone fixo de casa veio com um aviso de sequestro. Cerca de duas horas depois, o corpo de uma mulher foi encontrado carbonizado na Praça Damasco, em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio. A vítima foi identificada como sendo Vitória.

Aspiração de fuligem - O laudo feito pelo Instituto Médico-Legal (IML) aponta que Vitória “aspirou fuligem” antes de morrer, o que indica que a vítima ainda estaria com vida no momento em que seu corpo foi queimado.

Além disso, ferragens e tecidos encontrados no local do crime levam a polícia a acreditar que a vítima estava numa mala quando os criminosos atearam fogo. Apesar do sequestro mediante extorsão, a polícia ainda não sabe a motivação do crime.

Homem e mulher falaram sobre sequestro - Em depoimento, a mãe de Vitória contou que o último contato com a filha foi às 5h do dia em que foi morta, quando a vítima afirmou — com voz de choro — ter sido sequestrada e que não sabia informar a localização, mas que precisava que a mãe pagasse R$ 2 mil aos criminosos. A mãe da professora não informou quantas ligações foram feitas, mas disse que, em meio às tentativas de falar novamente com a filha, foi atendida por um homem e uma mulher, que ressaltaram o pedido por dinheiro.
'Cansada de arcar com despesas'

Segundo relato de uma testemunha, a professora fez um desabafo no dia em que desapareceu. Cansada de arcar com despesas de Paula e sua filha, a vítima teria dito que já havia ajudado bastante a família e que não tinha mais condições. Paula apareceu na escola acompanhada do irmão para dizer que a filha não havia aceitado bem o fim do namoro e pediu que as duas conversassem “fora do seu local de trabalho”.

Um amigo da vítima, também funcionário da escola, contou à polícia que sugeriu a Vitória que encontrasse com a mulher em um local público, “de preferência um shopping, onde tem muitas pessoas”. De acordo com funcionários do colégio, o filho de Paula estuda na unidade, motivo pelo qual ela conseguiu entrar no estabelecimento com facilidade naquele dia.

Relacionamento de 4 meses - Vitória era professora contratada do município há quatro meses e dava aula na Escola Municipal Oscar Thompson, em Santíssimo. Segundo a adolescente, com quem manteve um relacionamento, as duas se conheceram pelo Instagram e ficaram juntas também por quatro meses.

Após ser apreendida, a adolescente disse à polícia não ter envolvimento com o crime. De acordo com ela, na noite em que Vitória desapareceu, em 10 de agosto, ela havia tomado um remédio e, quando acordou, estranhou que a mãe não estava em casa. Ao questionar seu irmão, de 16 anos, ele respondeu que a mãe tinha ido à Mercearia Rosa — local para o qual, posteriormente, foi identificada uma transferência via PIX da conta bancária da família da vítima.

Mandado de prisão em aberto - Paula já tinha mandado de prisão em aberto por roubo qualificado. No último domingo, ela participou de duas audiências de custódia. Uma em relação ao sequestro e morte da professora, e a outra por ter sido condenada, em 2014, a seis anos de prisão por roubo.

No processo, consta que ela participou de quatro roubos em pouco espaço de tempo, acompanhada de um menor infrator. Um trecho da decisão da época diz que Paula usou “um simulacro de arma de fogo, o que denota a extrema ousadia da acusada e denota sua conduta social distorcida”.

Passado de crimes - Há três registros na folha de antecedentes criminais de Paula. A primeira aconteceu em 2010, quando a mulher foi acusada de “lesão corporal decorrente de violência doméstica”. Contudo, em 2021, um juiz determinou a extinção da punibilidade dela, ou seja, anulou a possibilidade de ela ser presa.

Já em 2013, Paula foi presa por roubo na companhia de um menor, situação considerada “corrupção de menor”, um agravante de pena. No ano seguinte, ela foi condenada a mais de 6 anos de prisão, dos quais cumpriu um ano e oito meses em regime semiaberto. A sentença continua em aberto.

O último diz respeito ao crime pelo qual ela foi presa no último sábado, registrado como “extorsão mediante sequestro”. A Polícia Civil ainda investiga o assassinato da professora, que pode ser incluído no mesmo caso.

O que falta esclarecer - O irmão de Paula — que esteve na escola onde Vitória lecionava no dia do desaparecimento — não foi localizado pela Polícia Civil. Ainda não se sabe o envolvimento dele no crime. Porém, segundo o depoimento da mãe da vítima, um homem falou com ela no telefone após o sequestro da professora. Além disso, o irmão de Paula recebeu transferências financeiras feitas pelo telefone de Vitória entre a noite do desaparecimento e a manhã da morte.

A 35ª DP (Campo Grande) também tenta identificar se outras pessoas participaram do crime, assim como o trajeto feito por Vitória naquela noite. Além disso, não se sabe se a motivação foi realmente financeira, apesar de a família apontar extorsão mediante o sequestro da professora.

A polícia tenta também localizar o celular e o carro da vítima, que desapareceram após o crime.

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