Veja riscos de 'esconder' barriga na gravidez, como mulher faz no TikTok

Publicado em 01/02/2023, às 08h10
TikTok/@mariahlynne1996
TikTok/@mariahlynne1996

Por Viva Bem/UOL

Uma usuária do TikTok chamou a atenção na rede social ao "esconder" quase completamente sua barriga de grávida. No vídeo compartilhado em seu perfil e que já acumula mais de 200 mil visualizações, Mariah Simon, 27, faz o movimento de "puxar a barriga para dentro" (veja abaixo).

No final do ano passado, Mariah já havia publicado um vídeo mostrando como escondia sua barriga. Ela voltou a repetir a técnica em 4 de janeiro deste ano, depois de ser desafiada por um internauta.

"Você ainda consegue esconder a barriga?", questionou o usuário. "Está ficando mais difícil de escondê-la", respondeu ela na legenda da publicação.

Segundo o jornal The Sun, o bebê está previsto para nascer em maio.

A fisioterapeuta pélvica Pamella Ramona, do Centro de Medicina Integrativa do Hospital e Maternidade Pro Matre (SP), explica que a prática não é recomendável para mulheres grávidas.

"Na gestação, a respiração diafragmática, que faz parte da técnica, gera uma apneia, ou seja, a mulher para de respirar por alguns segundos. Essa apneia gira em torno de 10 a 20 segundos, o que pode fazer com que falte oxigênio ao feto", afirma Ramona, que também é doutora em ciências pela Faculdade de Medicina da USP.

A fisioterapeuta explica a técnica: "Primeiro, a barriga está completamente solta (relaxada), sem ativação nenhuma. Depois, ela solta todo o ar pelo nariz, cresce o peito, encaixa o quadril e faz uma aspiração diafragmática, abrindo as costelas e em associação com apneia, escondendo a barriga. É uma sequência de erros para uma mulher grávida".

Por que a técnica não deve ser realizada por grávidas

  • A técnica faz parte de uma metodologia conhecida como LPF (Low Pressure Fitness), um programa de treinamento postural e respiratório utilizado por algumas mulheres no pós-parto para reativar a musculatura do abdome.
  • Segundo Ramona, embora as evidências científicas em torno do LPF sejam consideradas "fracas", não há problemas em realizar o programa com a orientação de um profissional no período pós-parto.
  • Contudo, não é seguro praticá-lo durante a gravidez.
  • O principal risco, segundo a fisioterapeuta pélvica, é prejudicar o desenvolvimento do bebê.
  • O bebê recebe oxigênio e nutrientes da mãe através da placenta. A falta de oxigênio para o feto, cujas células ainda estão se multiplicando, pode prejudicar sua formação.
  • O feto pode nascer abaixo do peso considerado saudável, por exemplo.
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"Apesar de não ter estudos sobre os riscos da aplicação da técnica na gestação, a gente pode associá-la aos efeitos causados pela apneia do sono, por exemplo, como a restrição de peso ao nascer. Por isso, para garantir a segurança do feto, a técnica não é recomendável", disse Pamella Ramona, fisioterapeuta pélvica.

Qual é a forma correta de ativar a musculatura abdominal - Uma das orientações da fisioterapia para minimizar dores na lombar e em outras regiões da pelve durante a gravidez é justamente ativar a musculatura abdominal.

Isso porque, durante a gestação, o abdome fica "sem função", devido à distensão abdominal que surge com o crescimento da barriga, para abrigar o bebê.

"Inconscientemente, a mulher passa a não ativar essa musculatura e isso pode gerar dores na lombar e na pelve", explica a fisioterapeuta.

Exercícios para ativar a musculatura abdominal, portanto, ajudam a prevenir e tratar essas dores. Contudo, existe uma forma correta de realizar a ativação desses músculos. Ramona explica:

  • Alinhar a postura, encher o peito em 4 segundos e soltar o ar lentamente.
  • Quando a grávida solta o ar, automaticamente gera uma ativação abdominal e passa a ter uma função mais efetiva, ao mesmo tempo em que ativa a musculatura paravertebral, nas costas.
  • A ativação abdominal deve ser feita com orientação de um especialista.

"No pós-parto, mesmo com evidências fracas, a apneia pode ser feita, se bem orientada e conduzida, mas durante a gestação o objetivo é exatamente o contrário: é permitir que a gravidez, que é um processo fisiológico e biomecânico, use o corpo da mulher como casa para que o feto possa se desenvolver", disse Pamella Ramona, fisioterapeuta pélvica.

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