VÍDEO: Câmara impede cobertura da imprensa, jornalistas são agredidos e entidades repudiam

Publicado em 10/12/2025, às 08h03
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Por Carolina Linhares e Raphael Di Cunto / Folhapress

A expulsão do deputado Glauber Braga do plenário da Câmara dos Deputados, marcada por agressões à imprensa, gerou forte repercussão e críticas de entidades como a Fenaj e a Abraji.

Glauber se recusou a deixar a cadeira do presidente da Câmara, Hugo Motta, em protesto contra a pauta que poderia levar à cassação de seu mandato, resultando em tumulto e agressões a outros parlamentares e jornalistas durante a intervenção da polícia legislativa.

Entidades de classe exigem responsabilização de Motta e condenam a violência e a censura imposta à imprensa, destacando a gravidade da situação e a necessidade de garantir a liberdade de informação e os direitos constitucionais.

Resumo gerado por IA

A expulsão do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) do plenário da Câmara pela polícia legislativa, nesta terça-feira (9), foi marcada por cerceamento e agressões à imprensa. O episódio foi criticado por entidades como Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e ANJ (Associação Nacional de Jornais).

Glauber ocupou a cadeira do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e se recusou a sair após o processo que pede a cassação de seu mandato por chutar um militante de direita que o perseguia na Casa ser pautado para quarta-feira (10). A definição das matérias a serem votadas cabe ao colégio de líderes, comandado por Motta.

Após Glauber anunciar seu protesto, a sessão legislativa foi suspensa e deixou de ser transmitida pela internet. A polícia legislativa foi acionada para intervir, e o parlamentar foi retirado à força da cadeira.

Obrigada a deixar o plenário pela polícia, a imprensa não conseguiu registrar imagens. Apenas parlamentares tiveram acesso à cena e divulgaram vídeos da polícia retirando Glauber.

A confusão da expulsão continuou pelo salão verde, com jornalistas, policiais e deputados em um tumulto com empurra-empurra e agressões.

Segundo deputados de esquerda, além de Glauber, foram agredidos os deputados Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Dorinaldo Malafaia (PDT-AP), Rogério Correia (PT-MG) e Célia Xakriabá (PSOL-MG). Os parlamentares fizeram exame de corpo de delito e registraram boletim de ocorrência.

Questionada sobre quem determinou que a imprensa fosse barrada e a sessão não fosse transmitida, a assessoria de Motta não respondeu. O presidente da Câmara também não respondeu se houve ordem para agressões de policiais a deputados e jornalistas.

Ao se manifestar sobre o episódio nas redes e no plenário, a menção de Motta às agressões foi sucinta. "Determinei também a apuração de possíveis excessos em relação à cobertura da imprensa", publicou.

A Fenaj e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) divulgaram nota repudiando a violência e o desligamento do sinal de TV. O texto também cobra responsabilização de Motta.

"A Fenaj e o SJPDF consideram extremamente grave o cerceamento ao trabalho da imprensa e à liberdade e ao direito de informação da população brasileira. Mais grave ainda são os episódios de agressões físicas a profissionais da imprensa, que levam informação sobre o funcionamento da Casa Legislativa à sociedade brasileira", diz.

A Abraji manifestou solidariedade e mencionou agressões aos jornalistas Guilherme Balza, da Globo, e Carolina Nogueira, do UOL.

"A Abraji considera inaceitáveis a censura imposta à imprensa pela Câmara dos Deputados e a violência contra jornalistas e parlamentares. Uma sociedade democrática não pode apresentar espetáculos grotescos de autoritarismo como o presenciado no início da noite desta terça-feira, 9 de dezembro, na Casa do Povo", diz.

Além da ANJ, a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) e a Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) também assinam um texto afirmando que o corte do sinal de TV é incompatível "com o exercício da liberdade de imprensa".

"A ANJ, Abert e Aner esperam a apuração de responsabilidades para que tais práticas de intimidação não se repitam e que sejam preservados os princípios da Constituição Brasileira, que veda explicitamente a censura", diz.

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