O caos político e social que tomou conta do Nepal nos últimos dias ganhou repercussão internacional com a viralização de um vídeo publicado pelo youtuber britânico Harry, conhecido pelo canal We Hate The Cold. Com mais de 3,8 milhões de visualizações, as imagens mostram a escalada da violência em Katmandu, diante do Parlamento, em meio a manifestações lideradas por jovens da chamada “Geração Z”.
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No vídeo, é possível ver chamas se espalhando pelo prédio do Parlamento, veículos destruídos e saqueadores fugindo com equipamentos eletrônicos. Em outro momento, manifestantes entram em confronto com a polícia, que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
Harry, que viajava de motocicleta pela Ásia para documentar sua jornada de volta ao Reino Unido, disse ter sido surpreendido pela situação.
— Eu estava lá com minha câmera. Nunca planejei cobrir turbulências políticas — contou. O toque de recolher imposto pelas autoridades o manteve retido no país.
“Não acredito no que vi hoje. Os protestos da Geração Z no Nepal e como eles se desenrolaram sob minha lente”, escreveu ao compartilhar o material.
Especialistas afirmam que a crise nepalês é um reflexo da crescente insatisfação popular com denúncias de corrupção e má gestão. Com as ruas tomadas e instituições fragilizadas, a situação gera preocupação internacional sobre a estabilidade política no país.
Durante os atos violentos, Rajyalaxmi Chitrakar, esposa do ex-primeiro-ministro Jhalanath Khanal, morreu em decorrência de queimaduras após sua casa ser incendiada por manifestantes em Dallu, uma área nobre da capital, Katmandu.
Na terça-feira, KP Sharma Oli, 73 anos, que voltou ao poder em 2024, anunciou que renunciava "para que possam ser tomadas medidas visando uma solução política". O presidente do país, Ramchandra Paudel, também fez um apelo "a todos, incluindo os manifestantes, para que cooperassem para resolver pacificamente a situação difícil do país". A ONU e a vizinha Índia fizeram apelos por calma e moderação.
A onda de revolta começou após o governo ordenar, na última quinta-feira, o bloqueio de 26 redes sociais que não haviam feito registro legal no país, incluindo Facebook, X, YouTube e LinkedIn. Com 43% da população entre 15 e 43 anos, a proibição gerou indignação e protestos em massa. Nos últimos dias, vídeos viralizados no TikTok — rede que não foi bloqueada — mostraram o contraste entre as dificuldades enfrentadas pela maioria dos nepaleses e o estilo de vida luxuoso dos filhos de políticos, aumentando a insatisfação popular.
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