O deputado estadual Renato Freitas (PT) se envolveu em uma briga pública em Curitiba, onde foi filmado trocando agressões com um homem, gerando repercussão nas redes sociais e questionamentos sobre seu comportamento como parlamentar.
A assessoria de Freitas informou que ele precisou de atendimento médico após o incidente, enquanto políticos da oposição, como o deputado Delegado Tito Barrichello, protocolaram representações pedindo a cassação de seu mandato, alegando afronta ao decoro parlamentar.
O PT do Paraná repudiou a agressão sofrida por Freitas, contextualizando o episódio dentro de um histórico de violência política e racismo, e manifestou solidariedade ao deputado, que já enfrentou outras punições e representações no Legislativo por suas ações anteriores.
Vídeos que circulam nas redes sociais nesta quarta-feira (19) mostram o deputado estadual Renato Freitas (PT) trocando agressões com um homem em uma rua do centro de Curitiba.
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Em um deles, Freitas aparece chutando duas vezes a perna do homem, que em seguida dá um soco no rosto do deputado.
Deputado estadual paranaense Renato Freitas sai na mão com um sujeito na rua. Ainda não sabemos o que levou a essa pancadaria. pic.twitter.com/b9eoRnJPer
— GugaNoblat (@GugaNoblat) November 19, 2025
O parlamentar cai no chão, levanta-se e os dois seguem frente a frente, trocando ameaças. Não é possível saber, pelo vídeo, o motivo da briga e nem o desfecho dela.
Novo vídeo mostra que deputado Renato Freitas não se intimidou e conseguiu imobilizar o provocador em Curitiba pic.twitter.com/JXLiuuJphk
— Pragmatismo Politico (@Pragmatismo_) November 19, 2025
Em nota à Folha, a assessoria de Freitas afirmou, por volta das 15h30, que o deputado precisou de atendimento médico e que, após os exames, ele fará um pronunciamento.
A reportagem não conseguiu identificar o outro homem que aparece no vídeo.
A Polícia Militar informou ter sido acionada por uma pessoa que viu a briga, na avenida Vicente Machado, quase na esquina com a rua Visconde do Rio Branco. Uma equipe foi até o local, mas os homens já não estavam mais naquele ponto.
Após a repercussão do vídeo, políticos de oposição a Freitas, ligados à direita radical, usaram as redes sociais para defender a cassação do mandato do petista.
O deputado estadual Delegado Tito Barrichello (União Brasil) disse que o episódio é grave e que já protocolou uma representação contra Freitas na Assembleia Legislativa do Paraná. "A atitude, amplamente repercutida, afronta o decoro parlamentar", afirmou ele.
O deputado estadual Ricardo Arruda (PL) disse que Freitas protagonizou "mais uma cena lamentável, envergonhando o Paraná". "Mas vale a pena ver o nocaute que ele levou, acompanhe."
Já o PT do Paraná divulgou uma nota de repúdio à agressão sofrida pelo deputado. "O ataque não foi um fato isolado: ele se insere em um contexto histórico de racismo estrutural, violência política e tentativas recorrentes de silenciar lideranças negras que ousam ocupar espaços de poder."
"Repudiamos qualquer forma de violência, e denunciamos o caráter racista que atravessa este episódio. Não aceitaremos que agressões motivadas pelo ódio, pela intolerância e pelo preconceito sejam normalizadas ou tratadas como meras "confusões". Manifestamos toda nossa solidariedade ao companheiro Renato Freitas e desejamos sua plena e rápida recuperação", continua a nota.
Uma das principais lideranças da esquerda no Paraná, Freitas já foi alvo de outras representações movidas pelos seus pares no Legislativo.
A mais recente é de agosto. Naquele mês, Freitas perdeu o direito de discursar nas sessões da Assembleia Legislativa por 30 dias, porque o Conselho de Ética entendeu que o petista colaborou com a invasão de manifestantes na Casa em junho de 2024.
Na época, Freitas alegou perseguição e disse que a punição representava uma censura ao seu mandato.
A decisão do Conselho foi resultado de um processo disciplinar aberto a partir de representações também movidas pelos deputados Barichello e Arruda.
Freitas já foi cassado enquanto era vereador de Curitiba. Seus pares na Câmara o acusaram de quebrar o decoro parlamentar por causa de uma manifestação que avançou para dentro da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, no centro histórico de Curitiba, em fevereiro de 2022.
O grupo, que tinha Freitas entre as lideranças, protestava contra os assassinatos no Rio de Janeiro do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe e de Durval Teófilo Filho, dois homens negros, de 24 e 38 anos.
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