Brasil

Viro Carranca: campanha para preservação do Rio São Francisco é lançada em Salvador

TNH1 viajou a convite do Comitê Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e participou do lançamento da campanha, em Salvador

Eberth Lins | 09/05/24 - 17h21
Campanha foi lançada em Salvador e contou com a diretora do comitê e gestores públicos de cidades banhadas pelo Rio São Francisco | Foto: Eberth Lins

"Riacho do Navio, corre pro Pajeú, o Rio Pajeú vai despejar no São Francisco, O Rio São Francisco vai bater no meio do mar". Composta em 1955, a música Riacho do Navio ecoou em todo o Brasil na voz do saudoso Luiz Gonzaga e ainda é presente na memória do povo brasileiro, em especial os nordestinos, fazendo referência à grandiosidade do Rio São Francisco, o maior do País e que banha 8% do território nacional.

Embora grandioso e responsável pela subsistência de milhões de pessoas, o Rio São Francisco tem sofrido com a exploração desenfreada ao longo de décadas. Especialistas alertam para a necessidade de atenção especial ao rio. "Todos sabem que o rio está morrendo, uma morte lenta, geológica, que se arrasta anos e anos, por isso precisamos nos mobilizar e fazer nossa parte", advertiu Anivaldo Miranda, coordenador da Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco, durante o lançamento da Campanha VireCarranca 2024,  que visa conscientizar sobre a importância da revitalização do rio.

Campanha foi apresentada para jornalistas de vários estados do Brasil, nessa quarta-feira. Foto: Boca dos Olhos / Ascom CBHSF

A convite do Comitê Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), o TNH1 viajou para Salvador, na Bahia, onde a campanha 2024 foi lançada, nessa quarta-feira (08). A mobilização coloca em pauta a necessidade da revitalização do Rio São Francisco, reconhecendo a importância para a sustentabilidade ambiental, econômica e social de várias regiões do Brasil; assista abaixo ao vídeo de lançamento:

No lançamento, o vice-presidente do Comitê, Marcus Polignano, lembrou que o compromisso para preservação do rio passa por diversas esferas. "O Velho Chico está pedindo a ajuda de todos, da população, de governos estaduais, governo federal, porque o comitê não tem recursos para bancar sozinho a revitalização de uma bacia desse tamanho. E nós queremos que a gente consiga fazer uma grande pactuação, que todos consigam investir num denominador comum, que a gente integre ações, recursos, para que a gente faça esse dinheiro chegar às águas do São Francisco e revitalizá-lo", disse.

Marcus Polignano, vice-presidente do Comitê. Foto: Boca dos Olhos / Ascom CBHSF

A campanha "Eu viro Carranca para defender o Velho Chico 2024" tem como tema "Velho Chico. Revitalizar o Rio, preservar riquezas". "Tudo que é vivo precisa de ser revitalizado. Se a gente não tiver esse cuidado, não há como se pensar na manutenção da integridade do rio. O rio, como qualquer, vamos pensar, um ser vivo, ele depende de quem o alimente. Então, nós precisamos de afluentes que alimentem a calha do rio, nós precisamos de vegetação para áreas de recarga, nós precisamos manter os ecossistemas ainda funcionando integrados, porque se a gente não fizer isso, a gente vai colher cada vez mais períodos de seca, desertificação, e nós vamos só complicar a nossa bacia", ressaltou Marcus Polignano.

Este é o 11º ano da campanha, que destaca as múltiplas possibilidades a partir do rio e convoca a população para assumir responsabilidade diante da preservação. "Há 11 anos o comitê vem chamando toda essa sociedade do São Francisco para se ver nesse território, ver os problemas do território e se mobilizar por ele. E o comitê tem trabalhos, tanto na comunicação, na mobilização, tem uns projetos que a gente financia para comunidades, para comunidades, inclusive, que a gente considera que são prioritárias, que às vezes ficam fora do foco das políticas públicas, como povos indígenas, como povos quilombolas. Então esse momento agora é para alimentar essa força viva que é o Rio São Francisco", acrescentou o vice-presidente.

Anivaldo Miranda, coordenador da Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco. Foto: Eberth Lins

DESAFIOS - Ao TNH1, o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco, Anivaldo Miranda, que inclui o território alagoano, falou dos desafios que o comitê enfrenta para fazer com que essa mensagem de preservação chegue para a população alagoana. "Temos que aprender a respeitar a ecologia e trabalhar por uma economia saudável. Estamos aqui para dizer isso: o Velho Chico precisa ser respeitado. A qualidade da água está muito comprometida por agrotóxicos, por adubo que chega às águas do São Francisco e pelos esgotos, são vários fatores ligados basicamente. Primeiro, a falta de tratamento dos esgotos que são lançados por mais de 100 cidades [ do Brasil ] nas águas do rio São Francisco, a devastação das matas ciliares, isso gera toda uma série de fenômenos correlatos que comprometem a qualidade do rio, a navegação, o uso da água da forma que ele deveria ser", pontuou Anivaldo Miranda.  Ouça, abaixo, o jingle da campanha:

AÇÕES SIMULTÂNEAS  - No próximo dia 03 de junho, o Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco, festividades serão realizadas simultaneamente em Alagoas e outras quatro regiões da bacia do São Francisco. As ações, que são coordenadas pelo Comitê em parcerias com os municípios, serão nas cidades de São Francisco, em Minas Gerais; Carinhanha, na Bahia; Lagoa Grande, em Pernambuco e Delmiro Gouveia, no Sertão alagoano.

O COMITÊ - Criado em 2001 por meio de decreto presidencial, o comitê é um órgão colegiado integrado pelo poder público, sociedade civil e usuários de água, "que tem por finalidade realizar a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos da bacia, na perspectiva de proteger os seus mananciais e contribuir para o seu desenvolvimento sustentável". O Governo Federal conferiu ao comitê atribuições normativas, deliberativas e consultivas.