Vítima de serial killer de Maceió mostra marcas de tiro durante júri e pede condenação

Publicado em 04/09/2025, às 10h21 - Atualizado às 12h23
Eberth Lins / TNH1
Eberth Lins / TNH1

Por Eberth Lins/Gabriel Amorim

Alan Vitor dos Santos, sobrevivente de uma tentativa de homicídio cometida por Albino Santos de Lima, conhecido como o serial killer de Maceió, participou nesta quinta-feira (4) do julgamento do réu e fez uma defesa veemente pela condenção de Albino. O réu está preso desde setembro de 2024 e é investigado por pelo menos 18 assassinatos.

O ataque contra Alan ocorreu em 12 de junho de 2024, no bairro Vergel do Lago, em Maceió. Na ocasião, ele voltava do trabalho para a casa da avó quando percebeu que estava sendo perseguido. Logo em seguida, foi surpreendido por quatro disparos de arma de fogo - um na nuca, dois no pulmão e um de raspão na orelha.

Em um momento que emocionou os presentes, a pedido da acusação, o jovem de 21 anos levantou a camisa diante do júri para mostrar as cicatrizes dos tiros e a bolsa de ostomia (dispositivo que é obrigado a usar para coleta de fezes e urina) que passou a usar após o atentado.

Em entrevista ao TNH1, Alan afirmou esperar a condenação do acusado.

"Eu espero [a condenação]. Está doido. Ele não pode fazer isso com mais ninguém", declarou.

Alan ficou em coma por 30 dias. De acordo com o inquérito, o depoimento dele foi considerado crucial para o avanço das investigações, uma vez que ele procurou a polícia após reconhecer Albino em reportagens sobre o assassinato de Emerson Wagner, outra vítima do suspeito.

Eberth Lins / TNH1
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VÍTIMA ERA MONITORADA

A ação penal proposta pelo Ministério Público ainda traz a perícia realizada no aparelho telefônico apreendido em poder do denunciado, que comprova que a vítima vinha sendo observada pelo réu já há algum tempo, em razão dos print screen (captura de imagem da tela) que Albino Santos fazia da rede social de Alan Vitor dos Santos Soares

Segundo o MP-AL, as apurações policiais e periciais revelaram ainda que o acusado mantinha pastas organizadas em plataformas digitais, contendo registros de vítimas em potencial, notícias dos crimes cometidos e até autorretratos em cemitérios, demonstrando planejamento e frieza na execução dos delitos. O próprio réu confessou parte dos crimes em júris anteriores.

Nessas referidas pastas, os arquivos eram nomeados como “odiadas instagram” e “mortes especiais”. Em parte delas, ele circulava no calendário a data do fato criminoso e juntava fotos aos arquivos sobre a morte daquela pessoa, o que também ocorreu com a vítima Alan Vitor.

De acordo com o promotor Antônio Vilas Boas, Albino é apontado como responsável por diversos homicídios em Maceió, sempre com o mesmo padrão de execução, escolhendo vítimas jovens, com perfis semelhantes, e acompanhando suas rotinas pelas redes sociais antes dos ataques:

“Apesar do réu negar a autoria do crime, o Ministério Público possui provas robustas da sua participação para convencer os jurados e levá-lo a uma condenação. Portanto, esse será mais um passo fundamental para garantir justiça às vítimas e reafirmar o compromisso institucional do Ministério Público com a defesa da vida e da ordem pública”, disse ele.

O júri será realizado na 7ª vara Criminal da capital. A tese do MPAL será de tentativa de homicídio duplamente qualificada, por motivo fútil e por meio de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

CONDENAÇÕES ANTERIORES 

Apesar de negar envolvimento no caso de Ana Clara, Albino dos Santos já acumula duas condenações por homicídio. Em abril deste ano, foi sentenciado a 37 anos de prisão pela morte de Emerson Wagner da Silva e por homicídio tentado com duas qualificadoras, praticado contra outro jovem. Já em junho, recebeu pena de 24 anos pelo assassinato de Louise Gbyson Vieira de Melo.

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