Justiça

Franciellen tinha esperança de sair viva de emboscada, diz testemunha

23/05/18 - 11h02

Testemunha do crime que vitimou a jovem Franciellen Araújo Rocha, em 2013, uma amiga dela foi a primeira a prestar depoimento durante o julgamento dos cinco réus do caso, no Fórum do Barro Duro, nesta quarta (23).

Entre muitos relatos que chocaram os jurados, a testemunha, que não pode ser identificada, disse que Franciellen acreditava que poderia sair viva da emboscada armada por Vanessa Ingrid da Luz Souza.

Mesmo ferida, ela disse às amigas que fossem embora do apartamento onde acabara de ser espancada, e que elas ainda poderiam se ver mais tarde. “Quando se encontraram pela última vez, ela disse que se não morresse, mais tarde voltava para casa”. Segundo a amiga, Franciellen estava grávida. Porém, o exame cadavérico não confirmou a gestação. 

A emboscada

A testemunha contou que Franciellen recebeu uma ligação e foi chamada para ir a uma festa, em um apartamento em Cruz das Almas. Elas foram até o lugar combinado para que pegassem um táxi e encontraram um homem e duas mulheres no carro.

Chegando ao apartamento, encontraram Vanessa e todos os outros acusados. “A Vanessa perguntou quem era a Fran e já pegaram ela. Fizeram uma sessão de tortura, queimaram com cigarro, arrancaram os cabelos dela”, relata.

Teria sido Nayara da Silva e Vanessa que cortaram o cabelo da vítima com faca de serra, enquanto Franciellen chorava muito e pedia para que parassem. A amiga não soube dizer quem fez as queimaduras, mas viu a amiga queimada antes de ir embora.

Questionada durante o júri, ela disse não lembrar de Vanessa ter mandado que batessem na vítima. Ao ser perguntada se sente falta da amiga, ela chorou: “Lembro muito dela”.

Forma de morrer

Outra amiga de Franciellen, que também é testemunha do crime e teve a identidade preservada, foi a segunda a ser ouvida. Ela disse que assim que entraram no apartamento, as três tiveram os celulares recolhidos.

Ela contou que Vanessa e um dos homens falaram que Franciellen teria a opção de escolher como queria morrer: se pulando do prédio ou de outra forma.

Para a testemunha, era Vanessa quem comandava a situação, porque a vítima tinha um caso com o namorado da ré.

O crime

Vanessa Ingrid da Luz Souza, Thiago Handerson Oliveira Santos, Saulo José Pacheco de Araújo e Victor Uchôa Cavalcanti, são acusados de torturar e queimar viva a jovem Franciellen Araújo Rocha, em 14 fevereiro de 2013. Nayara da Silva é ré também por ter participado da tortura.

Segundo a denúncia do Ministério Público, Vanessa teria ordenado que uma amiga atraísse a vítima para um apartamento em Cruz das Almas, onde a ré dava uma festa. Franciellen confirmou sua ida com duas amigas e, na chegada, Thiago recepcionou a vítima com um murro no rosto, que caiu no chão e foi arrastada até o quarto onde se iniciou o espancamento por mais de duas horas, com murros, chutes, pancadas na cabeça, corte do cabelo com faca de mesa, queimaduras no rosto com pontas de cigarros, sobrancelhas raspadas e sufocamento com toalha molhada.

Os acusados saíram no carro de Saulo, pararam para comprar gasolina, seguindo em direção ao conjunto José Tenório. Os réus teriam entrado em uma estrada de barro deserta e lá forçaram Franciellen a descer do veículo, conduzindo-a por vários metros onde a sentaram no chão, momento em que Thiago e Victor a imobilizaram com fitas adesivas, nos braços e nas pernas. Em seguida, Vanessa Ingrid teria reiniciado as torturas, até a vítima desmaiar. Neste momento, Franciellen teve o seu corpo embebido em gasolina pelos acusados, e Vanessa Ingrid teria ateado fogo.