Maceió

Mulher diz que pai foi morto por testemunhar assassinato de jovens em ação da PM

30/03/16 - 10h28
TNH1 / Lucas Thaynan

Atualizada às 12h15

A filha do pedreiro Reinaldo da Silva, de 49 anos, a terceira vítima morta durante uma suposta troca de tiros envolvendo policiais militares, no dia último dia 25, no Village Campestre, declarou hoje (30) que seu pai foi morto por ter presenciado o assassinato de duas pessoas.

Foram mortos nessa ocorrência os irmãos Josivaldo e Josenildo Ferreira, ambos adolescentes e portadores de deficiência mental, acusados pela PM de portar duas armas e de atirar contra os policiais, versão contestada por familiares dos dois.

Marília Soares Ferreira, 26 anos, filha do pedreiro, compareceu à Delegacia de Homicídios de Maceió, no bairro de Mangabeiras, nesta quarta, para prestar depoimento sobre o crime.

Ela contestou a hipótese investigada pelo delegado Egivaldo Lopes, coordenador da Homicídios, de que o pai foi atingido por uma bala perdida. Marília contou que foi informada por testemunhas que o pai foi executado porque presenciou a abordagem.


“Meu pai era trabalhador, todo mundo pode falar. Espero justiça! Meu pai não volta mais, mas quero que quem fez isso seja punido. Se for policial, tem que perder a farda. Isso não é coisa de quem está ali para defender a população”, declarou.

TV Pajuçara registrou a chegada da filha e da esposa do pedreiro à delegacia:

Egivaldo também deve conversar com a família dos dois irmãos, para investigar a situação em que ocorreram as mortes. O delegado já confirmou à imprensa que o local foi alterado e os projéteis foram recolhidos indevidamente.

De acordo com a polícia, a população estava muito exaltada, o que impediu a realização da perícia no local. Estão com os peritos as duas armas que estariam em poder dos irmãos, segundo a PM: uma pistola 380 e uma espingarda artesanal. Também serão periciadas as três pistolas calibre 40 dos policiais.

Procurado pelo TNH1, o corregedor da PM, tenente-coronel Fernando Pacheco, informou que a morte de Reinaldo da Silva será investigada junto da apuração das mortes dos irmãos Josivaldo e Josenildo.

Ele informou, porém, que familiares do pedreiro ainda não procuraram a Corregedoria para formalizar uma denúncia. "Como são fatos relacionados, a morte dele [de Reinaldo] vai fazer parte da investigação. A família dos jovens compareceu à Corregedoria", disse.

O caso

De acordo com a versão da PM, os irmãos estariam portando armas e, quando foram abordados, efetuaram disparos contra a viatura, deixando dois policiais feridos. Os adolescentes também teriam sido atingidos na troca de tiros e morreram.

A versão da família dos jovens é que, durante a abordagem, um deles teria tentado pegar uma carteira de uma associação de deficientes físicos, o que teria sido interpretado pela polícia como tentativa de sacar uma arma.