Polícia

Família cobra investigação de morte de jovens em suposto confronto com a PM

Adolescentes foram mortos no dia 25, durante suposta troca de tiros; parentes contestam versão da polícia

29/03/16 - 12h03
Reprodução / Arquivo Pessoal

Os familiares dos dois irmãos portadores de deficiência mental, que morreram após uma abordagem policial no Conjunto Village Campestre, no bairro da Cidade Universitária, na parte alta de Maceió, se reuniram com o secretário de Segurança Pública, coronel Paulo Domingos de Araújo Lima Júnior, para cobrar prioridade na investigação das mortes.

De acordo com as primeiras informações passadas pela polícia à imprensa, os adolescentes teriam reagido a uma abordagem dando início a uma troca de tiros, onde os dois teriam sido baleados e morrido, versão contestada pela família dos jovens.

O tio deles, Cláudio Silva, disse em entrevista à TV Pajuçara, que a família está assustada com a situação e se sente ameaçada, por isso pediu ao secretário reforço de segurança. Além do tio, o pai, Genivardo Anízio Ferreira, a mãe, Maria de Fátima, e outros familiares participaram da reunião, que durou cerca de 2h.

Segundo os familiares, os jovens não portavam armas e não têm ligação com o tráfico de drogas. Eles estariam saindo da casa das tias, no Village, para o conjunto Aprígio Vilela, onde moravam.

Na reunião, segundo revelaram à TV Pajuçara, o secretário disse que, antes de o caso ser divulgado pela imprensa, já havia cobrado das polícias o esclarecimento dos fatos.

Já a assessoria de comunicação da SSP informou à imprensa que o secretário não vai se pronunciar nesse momento.

Versões contestadas

De acordo com a versão informada pela polícia, o fato ocorreu no dia 25 deste mês. Os irmãos estariam portando uma pistola, calibre 380, com nove munições intactas, e uma espingarda calibre 36, de fabricação artesanal.

Os militares afirmam que as guarnições Força Tática 1 e 2 estavam em patrulhamento quando foram informadas pela população que dois indivíduos estavam portando armas. Ao localizar os jovens, a polícia diz que eles efetuaram disparos contra a viatura, deixando dois policiais feridos.

Os adolescentes também teriam sido atingidos na troca de tiros. O local dos tiros no corpo dos dois só será divulgado pelo laudo da Perícia Oficial, no prazo de dez dias.

A versão da polícia é contestada pelos familiares dos jovens, que afirmam que durante a abordagem, um deles teria tentado pegar uma carteira de uma associação de deficientes físicos, o que teria sido interpretado pela polícia como tentativa de sacar uma arma.

Estado de Saúde dos Militares

O coronel Carlos Amorim, comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar, onde os militares que participaram da ação estão lotados, informou que um deles foi baleado apenas de raspão em um dos braços e foi liberado após receber atendimento médico. Já o outro militar segue internado na Santa Casa de Misericórdia de Maceió, onde aguarda avaliação.

“Esse militar pode ter perdido a função do dedo mínimo da mão direita e pode ter que se submeter a uma cirurgia”, informou o coronel.

Sobre as investigações, o comandante disse que “no que diz respeito aos homicídios, a Polícia Civil vai investigar e explicar o que aconteceu. Já no que diz respeito à ação dos militares, a Corregedoria da PM vai apurar se houve excessos. A mim, enquanto comandante, compete dar apoio aos policiais, institucional e médico, e manter o efetivo na rua, garantindo a segurança da população”, concluiu.

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