Alagoas

28 de fevereiro de 2020: há 181 anos era criado o 59º Batalhão de Infantaria Motorizado

Portal do Exército Brasileiro | 28/02/20 - 16h22
Fotos: Exército Brasileiro/Facebook 59º BIMtz

Enquanto a guerra de secessão ocorrida no Período Regencial ameaçava a integridade do Império Brasileiro, surgiu, em 1839, através do Decreto Imperial nº 31, de 28 de fevereiro daquele ano, um novo Batalhão em nosso Exército, denominado de 1º Batalhão de Caçadores. Essa Unidade foi imediatamente empregada na pacificação da Província de Santa Catarina no combate às Forças Separatistas da República Juliana, em Laguna. Após a pacificação da província, o Batalhão teve como parada a cidade de Florianópolis.

No decorrer de sua história, o Batalhão recebeu diversas outras designações, a seguir: em 19 de abril de 1851, foi numerado como 9º Batalhão de Caçadores, tendo sua Sede na Corte; a 30 de novembro de 1852, recebe a denominação de 8º Batalhão de Infantaria, participando com esta designação de toda a Guerra do Paraguai; em 18 de agosto de 1888, com a denominação de 8º Batalhão é transferido para Cuiabá, no Estado de Mato Grosso e no dia 07 de junho de 1908, é deslocado para Aquidauana-MT, passando a se denominar de 14º Regimento de Infantaria; a 07 de novembro de 1917, é transformado no 42º Batalhão de Caçadores, transferindo sua sede para Maceió; a 11 Nov 1919, teve seu nome mudado para 20º Batalhão de Caçadores; e finalmente, a 21 de novembro de 1973, recebeu a denominação atual de 59º BATALHÃO DE INFANTARIA MOTORIZADO.



Uma de suas mais belas passagens históricas começou a ser construída em março de 1865, quando a Unidade, como 8º Batalhão de Infantaria (8º BI), integrou a famosa Divisão Encouraçada, comandada pelo lendário Brigadeiro Antônio de Sampaio, durante a Campanha da Tríplice Aliança. Ao deslocar-se em 16 de abril de 1866, como parte da vanguarda da Força de Invasão, foi um dos cinco primeiros batalhões a pisar o solo inimigo. A partir de então, deu-se início a uma história de honra e glória, com sangue e lágrimas de seus integrantes, principalmente quando, por duas ocaisões naquela Campanha, escasseou-se a munição e esta foi obrigada a conduzir o mais difícil e sacrificante emprego da Infantaria: o combate à baioneta. Devido o seu elevado moral, sagrou-se vencedora, apesar das muitas baixas.

No dia 24 de maio de 1866, na maior batalha campal da América do Sul, a Batalha do Tuiuti, lá estava o 8º BI suportando parte do volumoso ataque paraguaio e testemunhando o sacrifício supremo oferecido por aquele que viria a ser o Patrono da Infantaria Brasileira: Antônio de Sampaio. Ferido três vezes naquela batalha, o herói morreu posteriormente, a bordo do vapor Eponina, em 6 de julho de 1866.


As baixas se avolumaram de tal maneira, que a unidade estava reduzida à metade do seu efetivo desde que começara a Guerra do Paraguai, e com a morte do seu comandante, o Maj Joaquim Luiz de Azevedo, em 18 de junho de 1866, o Batalhão passou a ser comandado por um brilhante oficial de Artilharia, o Ten Cel Hermes Ernesto da Fonseca, que o conduziria a novas vitórias. Pelos seus feitos heróicos e pela sua destacada atuação, Hermes Ernesto da Fonseca foi agraciado, posteriormente, com o título de Patrono do Batalhão, conforme Portaria Ministerial nº 162, de 23 de janeiro de 1980, que concedeu ao 59º Batalhão de Infantaria Motorizado, a denominação histórica de “BATALHÃO HERMES ERNESTO DA FONSECA”.

No combate de Boqueirão, a 16 de julho de 1866, a Unidade firmou-se como uma das mais valorosas da Divisão Couraçada, ao conquistar e manter várias trincheiras paraguaias. Em no dia 21 de julho de 1867, participou da famosa Marcha de Flanco de Caxias. Em outubro do mesmo ano, combateu em Pare-Cuê e Tataiibá, além de participar do reconhecimento sobre Pilar e de conquistar com violenta carga de baioneta a vila de Taí. No mês de maio de 1868, participou do sítio de Humaitá, com um violento ataque ao inimigo. No dia 06 de dezembro, fez parte da vanguarda que conquista a Ponte de Itororó. E no dia 11, combateu em Avaí e a 21, em Lomas Valentinas. Batalhas estas que adornam o ESTANDARTE – DISTINTIVO da Unidade, criado pela Portaria Ministerial nº 2, de 21 de março de 1980. Continuando em sua missa, em janeiro de 1869, o 8º BI foi parte integrante das Forças de Ocupação de Assunção e participou da Campanha da Cordilheira onde, em agosto, venceu os combates de Peribebuí e Campo Grande, vindo a permanecer no Paraguai, com parte das forças de ocupação, até o ano de 1876. Foram dez longos anos longe da Pátria, saudades, sacrifícios e renúncias, sendo que muitos não retornaram e ficaram sepultados naquele em solo paraguaio.



No Século passado, em várias oportunidades, como 20º Batalhão de Caçadores (20º BC) a Unidade foi deslocada de sua sede. Como campanha externa, destacou-se ao participar da II Guerra Mundial, vigiando o litoral brasileiro e combate as forças do nazi-facismo, honrando as tradições de seus antepassados. No País, por doze vezes, o Batalhão deixou sua sede para pacificar outros Estados, em favor da manutenção da Lei e a Ordem e dos interesses maiores do povo brasileiro.

Nesse contexto, o Batalhão exerceu papel preponderante na perseguição à Coluna Prestes, percorrendo pelo rio São Francisco ou pelas linhas férreas os Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Maranhão. Teve participação decisiva nos combates de 30 e 31 de dezembro de 1925 e de 01 a 04 de janeiro de 1926, na Vila das Flores, no Maranhão, impedindo a conquista de Teresina, pelos revoltosos. Em 1930, aderindo à Aliança Liberal, integrou as Forças do Norte e com elas se deslocou até a Capital Federal. Seguiu, em 1932, para o Vale do Paraíba, em São Paulo, onde veio a perder entre mortos e feridos doze homens no combate contra os comunistas, em 1935, mais uma vez o sangue dos seus soldados foi derramado pela integridade nacional.

Em 17 de julho de 1997, já como 59º Batalhão de Infantaria Motorizado (59º BIMtz), testemunhou-se uma data histórica para a Unidade, quando pela primeira vez foi empregada em solo alagoano. Naquela ocasião, movimentos reivindicatórios legítimos colocaram em rota de colisão seguimentos sociais, gerando uma crise de graves conseqüências para a sociedade. Fez-se necessário um fator inibidor para os ânimos, então bastantes exaltados. Coube a esta Unidade pacificar o Estado, fruto desta intervenção o Batalhão foi alvo de elogios de proporções nacionais.

No ano de 2001, no mês de julho, um apronto operacional foi realizado para fazer face à greve da Polícia Militar do Estado de Alagoas; em 2002, o Batalhão participou da Operação Dengue e realizou uma Ação Cívico-Social, no município de Murici-AL no dia 04 de outubro.

Cabe ressaltar que, durante as últimas décadas, o Batalhão vem sendo empregado no Programa Emergencial de Combate aos Efeitos da Seca, “Operação Pipa D’Água”, caracterizando a mão amiga do Exército Brasileiro no interior de Alagoas, onde atualmente 32 municípios do sertão do Estado e mais de 175.000 alagoanos estão sendo beneficiados com a distribuição de água potável.

Paralelo a estas atividades o Batalhão vem desenvolvendo projetos de integração social e cultural entre o destacamento militar e a comunidade alagoana, permitindo a sedimentação de um diálogo direto entre a Força Terrestre e a Comunidade no Estado de Alagoas.

A partir de 2006 a Unidade participa com um Pelotão de Fuzileiros na Missão das Nações Unidas para estabilização do Haiti.