Os anos passam, gestores públicos se sucedem, e fortes chuvas voltam a castigar desde a sexta-feira (7) à noite, diminuindo de intensidade nesses últimos três dias.
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Os resultados da tragédia: inundações, alagamento, rios e lagoas transbordando, casas caindo, encostas desmoronando, estradas danificadas, 25 mil desabrigados e pelo menos uma morte.
O noticiário repete praticamente as mesmas informações dos últimos episódios semelhantes, deixando uma indagação: a quem culpar?
Essa é uma pergunta que nos leva a respostas indefinidas, por que, na verdade, o primeiro culpado é o cidadão que despeja diariamente toneladas de lixo nas ruas e córregos do “Paraíso das Águas”, poluindo o meio ambiente e causando entupimento de galerias pluviais, provocando o acúmulo de água nas vias urbanas.
Em situações como a que vivemos nesses dias, a primeira cobrança vem de imediato: “A culpa é do prefeito, a culpa é do governo”.
Na verdade, a culpa é do próprio cidadão/poluidor.
Num outro aspecto, a culpa deve ser compartilhada entre as famílias necessitadas – que, por falta de condições de conseguir local digno e seguro para morar, precisa habitar favelas normalmente em condições insalubres – e também o gestor público que, por omissão, permite a instalação de verdadeiros pardieiros em morros, encostas e margens de rios e lagoas.
Lembro bem que numa das enchentes do início deste século aqui no Estado o presidente Lula, em seu segundo mandato, liberou recursos para a reconstrução de moradias, com uma condição: que novas habitações fossem edificadas em locais seguros, sem riscos de inundação.
Nossos gestores fizeram ouvidos de mercador, desconsideraram a recomendação da Presidência da República e o resultado aí está: as chuvas voltaram, as águas se elevaram e ressurgiram os mesmos problemas de sempre.
Nesta segunda-feira, o governador Paulo Dantas (MDB) decretou situação de emergência em Maceió e outros 31municípios, por conta da tragédia, editando um decreto com validade de 180 dias, considerando “danos humanos, materiais e ambientais, assim como os prejuízos públicos e prejuízos privados”.
O prefeito João Henrique Caldas (PL) reagiu, transferindo a responsabilidade para os últimos gestores estaduais:
“O Governo do Estado precisa fazer a sua parte, como as obras de barragem ao longo do Vale do Paraíba e do Mundaú. Quando eu era deputado em 2011, já se falava nisso. Se passaram 12 anos e a gente ainda está vivendo os efeitos da enchente de 2010, devido à negligência e irresponsabilidade dos governantes que não fizeram essas obras. Essa tromba d’água deságua em Maceió e isso se repete.”
“Em casa onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão.”
A analogia é perfeitamente aplicável à situação que voltamos a vivenciar em Alagoas.
Até quando?
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