Contextualizando

A indagação é de um especialista: “Será que energia solar é coisa de rico?”

Em 11 de Novembro de 2022 às 11:14

Do economista alagoano Daniel Lima Costa, presidente da Associação Norte e Nordeste de Energia Solar:

“Recentemente o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA divulgou um levantamento que contradiz todos aqueles que são opositores ferrenhos da Geração Distribuída.

O estudo identificou que o aumento das tarifas de energia fez com que as classes C e D fossem as que mais aderissem à geração distribuída de energia por fonte solar. Isso já era esperado, já que para boa parte dos brasileiros, 10% da renda é comprometida com energia elétrica. Essa informação é facilmente percebida nos números da Geração Distribuída disponibilizados pela Aneel.

O Brasil se aproxima de 15 GW de geração distribuída por fonte solar, proveniente de 1,4 milhões de usinas instaladas, sendo que, 13 GW ou 87% desse montante é proveniente de micro usinas fotovoltaicas com potência de até 75KW, que juntas abastecem 1,8 milhões de unidades consumidoras.

No período de 2014 a 2021, a conta de luz residencial teve aumento 237% maior do que o do IPCA, indicador que mede a inflação no Brasil. Com isso, as tarifas de energia promovem uma verdadeira reversão de renda dos mais pobres para os mais ricos.

Tenho plena convicção de que a energia solar se tornará a principal mola propulsora do crescimento das renováveis, estabelecendo novos recordes de implantação nos próximos 20 anos. Estou convicto de que, se o governo e a iniciativa privada intensificarem seus esforços em prol da energia limpa como tratamento profilático para as mudanças climáticas, o crescimento da energia solar e eólica será ainda mais espetacular e extremamente encorajador.

Estima-se que nos próximos 10 anos as renováveis serão responsáveis por 80% do crescimento na produção global de energia elétrica. Mas, a transição energética deverá vir junto com a evolução socioeconômica. Ela só se justifica com a democratização energética e se os custos com energia diminuírem para todos.

A lógica é de fácil compreensão: se a energia for mais barata para as empresas implicará em menor custo de produção, maior produtividade e, no final do processo produtivo, mercadorias e serviços mais baratos. Se o consumidor tiver redução do valor da sua conta de energia, significa um ganho real em sua renda, aumento do seu poder aquisitivo e de seu consumo respectivamente, e esse impacto na renda é muito mais relevante para os consumidores com menor renda, para os quais o peso da energia elétrica é muito mais expressivo no orçamento familiar.

Esse cenário de menor custo para as empresas e mais poder aquisitivo para as famílias interage em um cenário de equilíbrio geral, resultando em um saldo positivo em termos de impacto econômico. Segundo o IPEA se houver redução de 10% no preço da energia elétrica, haverá um impacto positivo no PIB de 0,45%.

Estamos confiantes que o próximo governo devolva o protagonismo das energias limpas frente aos desafios das mudanças no clima e promova a democratização do setor energético brasileiro.”

Gostou? Compartilhe  

LEIA MAIS

+Lidas