Contextualizando

A infidelidade partidária se tornou uma tradição na política de Alagoas

Em 30 de Agosto de 2022 às 15:45

Muito mais do que em eleições anteriores, a disputa deste ano em Alagoas está cada vez mais caracterizada pelo desrespeito total à fidelidade partidária.

Ninguém é de ninguém; todos são de todos.

O episódio mais recente é o declarado apoio do senador Fernando Collor, candidato ao governo pelo PTB, ao deputado estadual Davi Davino Filho, que concorre ao Senado pelo PP.

E o mesmo Collor já havia manifestado, semana passada, que apóia a reeleição para deputado federal de Arthur Lira, do PP, o poderoso presidente da Câmara.

Davi e Arthur apoiam para governador o senador Rodrigo Cunha, do União Brasil.

Como tem sido dito neste espaço, a filiação de um cidadão a determinado partido só serve mesmo, aqui no Brasil, para que as legendas consigam recursos públicos para se manter e para financiar as milionárias campanhas eleitorais.

Na prática os candidatos são livres para manifestar apoio a quem quiser, independentemente de filiação partidária.

Fernando Collor foi personagem de episódio do tipo quando era deputado federal e se candidatou ao governo do Estado em 1986, pelo PMDB, tendo como vice da sua chapa o deputado estadual Moacir Andrade, do mesmo partido.

Seu principal concorrente foi o senador Guilherme Palmeira, do PFL, e o vice era o deputado Nelson Costa, também do PFL.

Guilherme Palmeira era aliado político e, até então, amigo inseparável de Nelson Costa, mas queria para seu vice Dalmácio Lúcio, vereador de Arapiraca.

O confronto chegou à convenção do partido, que oficialmente escolheu Nelson para ser o vice de Guilherme.

O impasse chegou à justiça e até o dia da eleição Dalmácio tentava substituir Nelson.

O interessante é que Nelson Costa, sendo o vice oficial de Guilherme Palmeira, durante a campanha apoiou abertamente Fernando Collor, legalmente seu adversário.

A chapa Fernando Collor-Moacir Andrade se elegeu, a amizade entre Guilherme e Nelson deixou de existir e ambos morreram, anos depois, sem nunca explicar o que provocou tamanho desencontro.

Como se vê, infidelidade partidária é uma tradição que se renova em Alagoas.

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