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“Arthur Lira terá menos poder na era Lula”, diz Paulo Dantas em entrevista

Em 26 de Dezembro de 2022 às 22:14

Entrevista do governador Paulo Dantas ao “Estadão”:

“Aliado da família Calheiros, Paulo Dantas (MDB) assumiu o governo de Alagoas em uma eleição indireta, em maio, após o governador Renan Filho (MDB) renunciar para disputar o Senado — o vice, Luciano Barbosa, havia sido eleito prefeito de Arapiraca em 2020. Ao ”Estadão, Dantas disse que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), desafeto de Renan Calheiros, terá ‘menos poder’ no futuro governo Lula (PT).

Adversário da família Calheiros em Alagoas, o deputado Arthur Lira vai ter o apoio do Partido dos Trabalhadores (PT) para se reeleger na presidência da Câmara. De acordo com Dantas, a decisão de apoiar Lira foi sensata e ‘garantiu a aprovação da PEC do Bolsa Família’.
‘O Brasil vive um momento de tensão, e o presidente Lula está tendo cautela. Arthur Lira já saiu para essa disputa para a presidência da Câmara com uma larga vantagem. O presidente Lula precisa de ambiente no Congresso Nacional para aprovar as medidas que viabilizem seu governo. Foi sensato esse entendimento, que garantiu a aprovação da PEC do Bolsa Família’, explicou.

Segundo o governador alagoano, Lira não será tão poderoso no governo Lula como era no de Bolsonaro: ‘O presidente Bolsonaro tinha contra ele vários pedidos de impeachment e, ao contrário de Lula, muita dificuldade de diálogo com o Congresso Nacional. Lula é acessível, bem articulado, conversa com a política e tem bons projetos. O presidente eleito conhece as demandas regionais. Lula tem a sua bancada. Bolsonaro tinha uma bancada muito pequena. Quem concentrou todo o poder foi Arthur Lira, que terá bem menos poder agora’.

Questionado se Lula pode confiar em Arthur Lira depois do trauma que foi Eduardo Cunha para Dilma Rousseff e o PT, Dantas respondeu que ainda não teve a oportunidade de falar com o petista sobre o assunto. ‘Não conversei com o presidente Lula depois da eleição, mas eles fizeram uma leitura de que seria muito difícil ganhar a presidência da Câmara e Senado. O presidente preferiu não ter esse embate.’

Antes de ser reeleito em outubro, Dantas foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) que investiga um suposto desvio de R$ 54 milhões por meio de funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa de Alagoas quando o emedebista era deputado estadual.

Sobre a operação Edema, que levou o afastamento do governador alagoano do governo pelo Superior Tribunal de Justiça, decisão revertida pelo Supremo Tribunal Federal, Dantas afirma que ‘Houve uma grande armação política com intuito eleitoral’ para prejudicá-lo.

‘Eu critiquei e critico a atuação da Polícia Federal. Houve uma grande armação política com intuito eleitoral. Na passagem do primeiro para o segundo turno tivemos 300 mil votos de diferença As pesquisas apontavam 60% das intenções de voto. Ganharíamos com facilidade, mas apertou muito com a Operação Edema. A delegada superintendente da PF foi para Alagoas substituir um delegado no dia 5 de agosto, véspera das convenções’, disse.

‘A partir daí surgiram rumores de que haveria uma operação e que ela teria ido com essa missão. No dia 1° de outubro, o deputado Arthur Lira gravou um vídeo nas suas redes falando sobre a Operação Edema. Mas era uma operação sigilosa. No dia 10 de outubro, um dia antes da operação, o candidato nosso adversário convocou uma entrevista coletiva de imprensa para as 9 horas do dia seguinte, mas cancelou depois porque era muito escandaloso. A ministra Laurita Vaz foi induzida ao erro, mas o STF agiu e voltei ao governo, de onde nunca deveria ter saído’, completou.

Apesar das críticas, o político afirmou que não acusa diretamente a Polícia Federal de ter agido diretamente contra ele. ‘Não estou acusando a PF, mas uma ala. Não sei de onde veio a ordem e não tenho como provar. Mas, depois da operação, eles concederam para nossos adversários informações da operação. Houve perseguição política’.”

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