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Atleta contraria prognóstico e corre São Silvestre após pegar Covid 2 vezes

Folhapress | 31/12/21 - 20h12
Reprodução

A São Silvestre desta sexta-feira (31) foi a sétima da vida de Ivandro Francisco dos Santos, de 48 anos, mas tem um gosto especial: é a primeira prova que ele disputou depois de ter pegado Covid-19 duas vezes.

Ivandro é gaúcho, de Ernestina, e viveu os dramas da doença em março e em junho deste ano. A segunda vez, entretanto, foi grave. "Fiquei oito dias intubado, não tinha forças nem para falar. Até reconhecia as pessoas que passavam por mim, os médicos. Estava consciente. Mas não conseguia me mover", relembra.

Ao comentar com os médicos que é maratonista, Ivandro foi bombardeado com uma notícia que, segundo ele, doeu mais que os próprios sintomas da doença: "Ele disse: 'Olha, moço, tenho uma notícia ruim. Você não vai conseguir mais correr como antes. Sua resistência caiu muito e não vai voltar'. Aquilo acabou comigo. Eu demorei muito para construir minha vida como atleta, achei que perderia tudo", conta.

Ao receber alta, o gaúcho passou mais quatro dias debilitado, sem sair de casa. Durante esse período, ele conta, refletiu sobre o difícil ano de 2021. "Em março, quando peguei o coronavírus pela primeira vez, minha mãe também pegou. Só que ela não resistiu e faleceu. Foi muito difícil. Além dela, meu tio e meu primo também morreram por causa dessa doença. Fiz uma promessa para mim mesmo. Vou confrontar a tese dos médicos. Quero correr muito ainda na minha vida, é o que eu amo fazer.".

Cinco dias depois da alta médica, Ivandro decidiu sair para caminhar. "Caminhava dez, 12 quilômetros. Então, comecei a intercalar com uns trotezinhos. Quando o fôlego acabava, eu voltava a caminhar. Foi assim por uns 70 dias. Voltei a correr. Até os 5 km, eu ia bem. Depois, ficava ofegante e parava. Até que, persistindo muito, voltei a fazer o treino que fazia antes da covid-19. Eu corria 30, 40 km por dia. Consegui voltar a fazer isso e, hoje, nem ofegante fico".

O atleta contou aos médicos que o atenderam que participaria da São Silvestre este ano. Segundo Ivandro, eles não acreditaram. "Achavam que eu estava de brincadeira", ri. "Participar dessa corrida foi difícil. Foi um desafio, mas também muito emocionante. Eu pensava: 'se eu terminar, já está bom'. E consegui. Agora, é treinar mais e mais no ano que vem para voltar cada vez melhor". "O esporte é minha vida. Acho que foi ele que me salvou. Se eu não treinasse e não me cuidasse, provavelmente teria ido embora também".